Estátua de Aleijadinho desaparecida havia 37 anos é encontrada em BH
Desaparecida havia 37 anos de Ouro Preto (MG), a estátua da Samaritana, esculpida em pedra sabão no final do século 18 por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi recuperada na quinta-feira (10) em Belo Horizonte.
A apreensão da peça, de 1 metro e 5 cm de altura, ocorreu em uma residência localizada na região da Pampulha depois que o juiz federal Leonardo Augusto Aguiar deferiu uma liminar solicitada conjuntamente pelo Ministério Público Federal e o Ministério Público de Minas Gerais.
A peça esculpida por Aleijadinho (1737-1814) faz parte do conjunto arquitetônico de Ouro Preto e integrava um chafariz instalado nos fundos do casarão onde atualmente funciona o museu Casa Guignard.
Para Mário Ribeiro Neto, artista plástico e pesquisador de obras de arte em São Paulo, o valor estimado da obra ultrapassa R$ 1 milhão.
Segundo a Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, a escultura teria sido retirada do local de origem sem autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) na década de 1950 e levada para outro imóvel em Ouro Preto.
Iphan | ||
Estátua de Aleijadinho desaparecida há 37 anos é encontrada em Belo Horizonte (MG) |
Em 1976, foi vendida para o empresário e colecionador Arthur Vale Mendes por uma mulher identificada como "senhora Lili", segundo as investigações. O nome da pessoa com quem a peça estava atualmente não foi informado, nem os detalhes da investigação que levaram a ela.
Em 2010, devido a outra ação do Ministério Público, herdeiros do espólio de Mendes tiveram de devolver ao Iphan 28 peças sacras que, segundo as investigações, pertenceram a instituições religiosas de Minas. Entre as peças havia esculturas de Aleijadinho e um quadro de Athaíde.
Somente agora se descobriu que a Samaritana fora vendida para ele. Segundo a decisão do juiz, a "senhora Lili" chegou a oferecer a peça para o Iphan e o Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico), que se interessaram em exercer o direito de preferência de compra, mas ela acabou vendendo a estátua para Mendes.
"Apesar da manifestação clara dos órgãos, a sra. Lili ignorou a preferência a que teriam direito e vendeu a escultura ao sr. Arthur Mendes, sem que houvesse autorização do Iphan para retirada da obra da cidade de Ouro Preto", escreveu o juiz. Na decisão, ele diz que se tratou de um "negócio jurídico nulo, sendo imperioso o retorno da escultura aos cidadãos de Ouro Preto".
A guarda da peça ficará a cargo do Iphan, que deverá conservá-la e expô-la publicamente, "preferencialmente na cidade de Ouro Preto, até o trânsito em julgado da ação", determinou a Justiça.
A reportagem não conseguiu localizar herdeiros de Mendes para tentar identificar quem detinha a posse da Samaritana.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha