Certidão e paciência para enfrentar filas são os pré-requisitos para tirar o RG
Um mesmo repórter da Folha conseguiu ao longo deste ano tirar RGs em Vitória, Campo Grande, Maceió, João Pessoa, Natal, Rio Branco, Porto Velho e Porto Alegre.
Ter RG em Estados diferentes não é considerado crime, mas abre brechas.
Com dois RGs, uma pessoa pode pedir um atestado de bons antecedentes no Estado onde tenha a ficha limpa e apresentá-lo no Estado onde tenha pendências na Justiça.
Essa brecha permite a ela se inscrever em um concurso público, por exemplo.
Repórter tira carteira de identidade em 9 Estados
Ministério da Justiça não se pronuncia sobre cadastro nacional
Reportagem sobre RG foi acompanhada pela área jurídica da Folha
Infográfico: A farra das carteiras de identidade
País afora, a única exigência para solicitar uma nova carteira de identidade é a apresentação de uma certidão de nascimento ou de casamento -além de paciência para enfrentar longas filas.
Em Campo Grande, por exemplo, a Folha esperou sete horas para tirar o RG em janeiro e teve de pagar uma taxa de R$ 26 pela primeira via, o que é vetado por lei federal. O Estado informou que a cobrança já foi extinta.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Clique na imagem para ver o infográfico |
Em Porto Velho, moradores e repórter passaram a noite em frente ao posto de atendimento para garantir uma senha. Depois disso, foi necessário esperar por mais três horas até a coleta de digitais.
Já em Maceió, o RG demorou 40 dias para ficar pronto.
Em capitais como Rio Branco e Natal, além da certidão de nascimento, servidores perguntaram se o repórter residia no Estado. Em todos os casos, bastou um "sim".
Ao longo da apuração, a reportagem encontrou fragilidades. A principal: seria possível fazer RG com outro nome. Assim, em Belo Horizonte, o repórter apresentou a certidão de nascimento de outro jornalista da Folha.
Uma semana depois, estava pronto o RG com nome, filiação, local e data de nascimento de Adriano dos Santos Brito, mas com foto e digitais de Reynaldo Turollo Junior.
O RIC (Registro de Identidade Civil), previsto para substituir o RG, deverá impedir que isso ocorra. Um indivíduo já identificado em qualquer Estado do país será reconhecido, em qualquer outro Estado, por suas digitais.
Tirar RG com nome falso é crime. Segundo o especialista em combate a fraudes Lorenzo Parodi, uma identidade falsa permite abrir contas bancárias, assinar contratos e obter financiamentos, além de ser base para esquemas de lavagem de dinheiro.
Um idoso preso em 2003 em Goiás com 16 identidades com nomes diferentes é um caso emblemático. Ele recebia 16 pensões do INSS. (REYNALDO TUROLLO JR.)
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha