Donato teve papel decisivo nas investigações, diz Haddad
O prefeito Fernando Haddad elogiou o secretário de governo, Antônio Donato, na tarde desta terça-feira (12) e afirmou que ele teve um papel decisivo nas investigações da Controladoria Geral do Município, que deflagraram o esquema de fraude na cobrança de ISS (Imposto Sobre Serviço).
"Sem a atuação do Donato, nós não teríamos chegado a esse resultado", disse Haddad.
Mesmo elogiado pelo prefeito, o secretário foi ouvido ontem pelo controlador-geral do município, Mário Vinicius Spinelli. A Folha apurou que as explicações dadas por Donato não foram suficientes. Ele será alvo de uma sindicância aberta pela controladoria para apurar se ele teve envolvimento no esquema.
O nome do secretário é citado em pelo menos cinco episódios da investigação sobre os fiscais, acusados de ter provocado um rombo de R$ 500 milhões ao reduzir o valor do ISS de imóveis novos em troca de propina.
Donato pediu hoje o afastamento da Secretaria de Governo, cargo que ocupava desde o início da gestão Haddad. O pedido ocorre após a Folha revelar que um dos acusados de integrar a chamada máfia do ISS trabalhou em seu gabinete de janeiro a abril deste ano.
Em nota, o secretário diz que que retornará à Câmara Municipal, onde "poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas".
A Prefeitura de São Paulo anunciou também que o ex-secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa, irá depor na controladoria. Costa estava à frente da secretaria em que os quatro fiscais investigados trabalhavam. Foi ele que nomeou Ronilson Bezerra Rodrigues para o cargo de subsecretário da receita municipal.
No ano passado, Costa pediu o arquivamento de uma investigação sobre o esquema, iniciada após uma denúncia anônima na prefeitura. A apuração da controladoria visa saber se houve omissão por parte do ex-secretário.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Haddad deu uma versão mais rósea ao episódio da sindicância contra Donato, ressaltando que a Controladoria não poupa os que ocupam cargos mais altos na hierarquia: "Está todo mundo sujeito à mesma regra, não importa o cargo que ocupe. Criamos uma controladoria para valer".
Haddad frisou que foi Donato que abrigou o germe do que seria a Controladoria, quando esse órgão ainda não tinha status de secretaria.
Elogiou também o suposto papel de Donato nas apurações. "Ele deu impulso a essa investigação. Teve um papel decisivo." O prefeito chegou a afirmar que Donato ajudou a desbaratar a quadrilha.
O pedido de afastamento de Donato foi feito durante almoço na prefeitura, no qual estavam presentes o presidente do diretório nacional do PT, Rui Falcão, o presidente do diretório estadual do partido, ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, e o vereador Paulo Fiorilo (PT).
Segundo Haddad, a presença dos líderes petistas no almoço em que Donato pediu para sair da secretaria foi obra do acaso. O prefeito afirmou que o encontro estava agendado antes da crise que levou o seu principal secretário a se afastar do cargo.
Haddad disse que os ganhos éticos dessas investigações e do trabalho da Controladoria não podem ser comparados aos riscos políticos. "A ética é um pressuposto da política e não pode ser colocada na balança política."
Há versões de que parte do PT está enfurecida com Haddad por ele ter atingido um quadro do partido como Donato e que pode haver troco. Esse mesmo grupo considerou inábil o ataque de Haddad ao Kassab, que deve apoiar a reeleição da presidente Dilma.
Veja a íntegra da nota de Antônio Donato
O secretario do Governo, Antônio Donato, comunica que está pedindo afastamento do seu cargo na Prefeitura de São Paulo e reassumindo o mandato de vereador na Câmara Municipal, de onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS (Imposto Sobre Serviços) e que a administração do PT desmantelou por meio da Controladoria Geral do Município.
Donato reafirma que, desde o início da apuração, colaborou de forma direta com o trabalho conduzido pelo corregedor Mário Vinicius Spinelli, incluindo o cronograma de exonerações dos servidores investigados. Ressalta que a própria CGM, bandeira da campanha do PT, foi estruturada no âmbito da Secretaria de Governo até obter ela mesmo o status de secretaria, em abril passado.
Ao identificar uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações, o secretário comunicou no final da manhã de hoje ao prefeito Fernando Haddad o pedido de afastamento imediato --inclusive para evitar o risco de a quadrilha tentar atingir o governo do PT na cidade de São Paulo e prejudicar o andamento das investigações.
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