Diretor de agência federal diz que São Paulo deve restringir água
Evitando usar a palavra racionamento, o diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu Guillo, defendeu que sejam adotadas "medidas restritivas" de consumo para evitar que São Paulo fique sem água antes da temporada de chuvas, em novembro.
"Temos que utilizar com parcimônia o 'volume morto' [reserva de águas profundas] para atravessar o período de estiagem. Isso só será possível se tomarmos medidas restritivas em benefício da população", afirmou Guillo em audiência pública na Câmara dos Deputados.
No curto prazo, o uso do 'volume morto' é a única aposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para evitar um racionamento de água na Grande SP antes das eleições.
Jorge Araujo/Folhapress | ||
Cantareira sofre com falta de chuva; consumo de água na Grande SP cresce mais que a produção |
A medida é consequência da pior crise do sistema Cantareira, que abastece cerca de 9 milhões de pessoas na região metropolitana.
Para usar o "volume morto", estão sendo realizadas obras emergenciais no valor de R$ 80 milhões, que devem ser concluídas até julho.
Segundo Guillo, além das "medidas restritivas" e do uso do "volume morto", a última alternativa de curto prazo para abastecer a região do Cantareira é "rezar".
"E se a chuva não vier no fim do ano? Teremos secado o volume útil e o 'volume morto' e não haverá mais nenhuma solução técnica possível. A solução é rezar para que chova", afirma.
Especialistas indicam que a água hoje disponível no Cantareira seria suficiente para abastecer a Grande SP até julho. O uso do "volume morto", segundo a Sabesp, seguraria o fornecimento de água por mais quatro meses.
A preocupação dos técnicos neste momento é com o próximo verão. Com os reservatórios quase secos, será preciso chover muito acima da média para normalizá-los.
Essa foi a primeira vez que o dirigente da ANA se posicionou de forma mais contundente sobre um possível racionamento em São Paulo.
Sobre o projeto paulista para captar água da bacia do rio federal Paraíba do Sul, Guillo disse que a disputa tomou um viés político e defendeu uma solução integrada.
"Não podemos ser tomados por uma visão bairrista, momentânea, de ver um interesse específico aparentemente resolvido", afirmou em referência velada ao embate que o projeto gerou entre Alckmin e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Colaborou FERNANDA PEREIRA NEVES
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