Médico morto em delegacia foi registrar queixa de acidente de trânsito
Ricardo Seiti Assanome, 27, foi a uma delegacia em Santo André, na Grande São Paulo, na noite de sábado para registrar um Boletim de Ocorrência após um pequeno acidente de trânsito. Acabou morto. Foi atingido na cabeça por um disparo feito por um policial civil durante um tiroteio no local.
O caso ocorreu na noite de sábado. Socorrido, o médico não resistiu e morreu ontem à tarde. Outro jovem e um policial também ficaram feridos.
De acordo com informações da Polícia Civil, por volta das 18h30 de sábado, um policial militar à paisana, que fugia de uma suposta tentativa de roubo caiu com sua moto Yamaha YZF na porta do 2º Distrito Policial.
O barulho do veículo, que estava em alta velocidade, assustou o médico, sua noiva, e mais quatro pessoas que aguardavam atendimento. Eles correram para trás do balcão da recepção.
Vinicius Pereira/Folhapress | ||
Tiroteio ocorreu na noite de sábado em delegacia de Santo André, região Metropolitana de São Paulo |
Com a confusão, o agente de telecomunicações André Bordwell da Silva saiu de sua sala e, segundo contou à polícia, viu as pessoas correndo em sua direção.
Por achar que se tratavam de "marginais invadindo a delegacia", segundo informou em nota a Secretaria de Estado da Segurança Pública, o agente passou a atirar contra o grupo. Ao todo, foram cerca de dez disparos.
O médico foi atingido na cabeça. Outra vítima, Ricardo Grillo Perchi Mahlow, ficou ferida na perna e no quadril. Um investigador da delegacia, que não teve sua identidade revelada pela pasta, achou que Silva estava sendo atacado pelo grupo ao ver a confusão. De acordo com a polícia, ele quis defender o colega e atirou em um dos homens, mas acabou atingindo o agente de telecomunicações, no peito.
VÍTIMAS
Mahlow está internado no Hospital Bartira, também em Santo André. A Secretaria de Segurança Pública não informou onde o agente de telecomunicações, que efetuou os disparos, está internado.
A Corregedoria da Polícia Civil foi acionada e o agente foi preso em flagrante por homicídio doloso –quando há intenção de matar.
Ele permanece com escolta no hospital e será detido após receber alta médica. A reportagem não localizou seu advogado de defesa.
A polícia não informou se o investigador que atingiu o colega no peito será punido pelo disparo.
Para o coronel José Vicente da Silva, consultor em segurança pública, Silva –que fez o disparo que atingiu o médico– não deveria portar uma arma."Ele é um agente de telecomunicação e não tem preparo para agir como um policial", afirma.
"Falta regulamentar a atividade de cada profissional. Todos os policiais recebem treinamento. Os outros profissionais são agentes de suporte administrativo e técnico", disse.
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