Após demissões, usuários entram em 'greve' em centro anticrack
Usuários dos serviços do Complexo Prates, criado para para acolher dependentes de crack e outras drogas em São Paulo, decidiram iniciar uma "greve" no tratamento.
Segundo funcionários, alguns já deixaram de participar das atividades terapêuticas. Inaugurado em 2012 no centro de São Paulo, o local é gerido pela Congregação das Irmãs Hospitaleiras, que tem convênio com a Secretaria Municipal de Saúde.
O estopim para a greve foi a demissão de uma enfermeira e uma psicóloga, em junho. Meses antes, a equipe divulgou uma carta contra represálias e em defesa das pessoas atendidas no complexo, relata uma das demitidas, Laura Shdaior.
Revoltados, usuários e movimentos sociais fizeram um ato com cerca de 50 pessoas nesta terça (15) no local. Sem resposta, decidiram "boicotar" as atividades. Cerca de 440 pessoas são atendidas por mês no Caps AD (centro de atenção psicossocial álcool e dorgas), diz a prefeitura.
"Enquanto as funcionárias não voltarem, nós também não voltamos", diz Carlos Oliveira, 51, um dos atendidos.
Usuários também reclamam das condições de higiene e alimentação no local e relatam violência pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) e circulação de drogas.
"Dá para usar até na cama", diz Lucas Marcelo Cardoso, 27, que deixou as ruas há seis meses para tentar se afastar do crack. "Você janta com pombos em cima da mesa", afirma.
OUTRO LADO
Em nota, a Congregação das Irmãs Hospitaleiras nega as acusações e diz que as demissões ocorreram "dentro do permitido pela legislação" e por motivos "de normalidade de qualquer serviço, empresa ou entidade".
A prefeitura de São Paulo diz que acompanha o caso e que parte do serviço, como o centro de acolhida, está passando por readequações.
A prefeitura nega problemas de higiene e diz que funcionários estão tomando medidas para evitar a presença de aves no local.
Após o protesto, a secretaria de saúde informou que enviou uma equipe para conversar com os usuários do complexo e explicar sobre a importância do tratamento.
A GCM diz que atos de violência devem ser denunciados à Corregedoria.
Apu Gomes/Folhapress | ||
Carlos Oliveira, 51, paciente do Complexo Prates, protesta contra a demissão de duas funcionárias |
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