'Rei da cachaça' é preso por suspeita de crime sexual e tentativa de homicídio
O empresário Antônio Eustáquio Rodrigues, 64, o Toni Rodrigues, conhecido como "rei da cachaça", está preso desde o último dia 12, no norte de Minas Gerais, por suspeita de crime sexual contra adolescentes e uma tentativa de homicídio. Ele foi detido em Salinas (MG), cidade famosa pela produção de cachaça. Ele nega todas as acusações.
Rodrigues é um grande produtor de cachaça, fundador de marcas tradicionais como Seleta e Boazinha, com produção de cerca de 1,5 milhão de litros da bebida.
A prisão se deu após depoimento de duas supostas vítimas adolescentes ao Conselho Tutelar, à Polícia Civil e ao Ministério Público, segundo o delegado José Eduardo Gonçalves dos Santos.
O delegado não deu detalhes sobre as suspeitas e disse apenas que as investigações prosseguem.
Confira imagens de Antonio Rodrigues, o rei da cachaça
Segundo Santos, o empresário negou os crimes sexuais imputados a ele. Diz também não conhecer os adolescentes: uma garota de 15 anos e um garoto de 14
Ele era suspeito de estupro de vulnerável, crime sexual envolvendo adolescente com menos de 14 anos. O Ministério Público, contudo, pediu a retirada dessa acusação e o arquivamento do inquérito, mas houve novas suspeitas e o caso foi reaberto.
"O procedimento foi arquivado em razão de contradições nos depoimentos das vítimas e de ausência de elementos para prosseguimento da persecução penal naquele momento. No entanto, após o arquivamento, surgiram novas provas e novas vítimas, o que ensejou a reabertura das investigações", informou o Ministério Público Estadual, em nota enviada à Folha.
No caso da tentativa de homicídio, a suspeita se dá por causa de um vídeo feito por uma câmera de vigilância em que um homem apontado como Rodrigues persegue de carro um rapaz que vai a pé. Ele para o carro, desce e agride a pessoa que caminhava na calçada.
Apesar disso, a polícia não sabe a identidade do rapaz nem os motivos que teriam levado Rodrigues ao suposto espancamento e ameaça, admitiu o delegado. Santos, contudo, disse já haver outros indícios no inquérito, mas falou que não pode revelá-los.
Um desses indícios seria, segundo a defesa do preso, o depoimento de uma mulher que teria ouvido o empresário dizer que passaria com o carro por cima do rapaz.
O empresário, que negou também a tentativa de homicídio, está em um presídio em Pedra Azul, na região norte de Minas. A prisão é válida por dez dias, prazo dado pela Justiça para a conclusão do inquérito, segundo o delegado.
O Ministério Público afirmou que a prisão do empresário se justifica "em razão da existência de provas da materialidade e indícios suficientes de autoria de que teria incorrido na prática de uma tentativa de homicídio doloso [intencional] e, reiteradamente, abusado sexualmente de adolescentes".
Por Toni Rodrigues ser rico e influente na cidade, o Ministério Público disse que ele pode "intimidar testemunhas", o que também justificaria a prisão.
OUTRO LADO
O advogado Frederico Espírito Santo Araújo disse que as acusações contra seu cliente são infundadas. Ele afirmou que Toni Rodrigues nega todas as acusações e diz que não representa nenhum risco ao andamento do inquérito. "Ele é uma pessoa conhecida na cidade, se dá bem com todo mundo, ajuda muita gente", disse.
Araújo disse ainda que a Promotoria solicitou a retirada da representação pelo crime de "estupro contra vulnerável" e que não há como sustentar essa acusação, porque os adolescentes já teriam mais de 14 anos quando os alegados crimes aconteceram, conforme depoimento da garota e do garoto ao Ministério Público.
O advogado criticou ainda o fato de acusarem seu cliente de tentativa de homicídio sem apontar motivação e a identificação da suposta vítima. "Eu nunca vi isso", disse.
"Não há fundamentos para a prisão. Pelo que se tem conhecimento, não tem nenhum fundamento para a prisão preventiva", disse Araújo.
A empresa Seleta e Boazinha Indústria e Comércio Importação e Exportação Ltda divulgou nota dizendo que desde 2006 o empresário está afastado da direção da Seleta, por decisão do Conselho administrativo do grupo, em virtude de graves problemas de saúde.
Em outra nota enviada à Folha, a empresa diz que "lamenta as últimas notícias em relação a seu fundador, Antônio Eustáquio Rodrigues, e espera que a elucidação dos fatos aconteça o mais breve possível e com a máxima seriedade".
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