Agência federal decide abandonar grupo de crise do sistema Cantareira
A ANA (Agência Nacional de Águas) anunciou nesta sexta (19) sua retirada do comitê que assessora a gestão do sistema Cantareira –principal fornecedor de água para 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, que passa por uma crise sem precedentes desde o início do ano.
Ligada ao governo federal, a agência propôs a dissolução do grupo, criado em fevereiro por representantes seus, do governo paulista, da Sabesp e dos comitês das bacias que alimentam o sistema.
De acordo com ofício assinado pelo diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, a saída leva em consideração "as manifestações do dr. Mauro Arce", secretário de Recursos Hídricos do Estado.
Ele afirma que o secretário negou acordo, proposto por ele próprio ao grupo, para que a Sabesp reduzisse o volume de água que retira do Cantareira. E que a ANA deixa o comitê "especialmente" pela falta de novas definições sobre essa questão.
A agência defende a redução da vazão para poupar o sistema, mas, segundo especialistas,o governo não quer assumir esse compromisso para evitar o desabastecimento da região metropolitana.
Luis Moura - 15.set.14/Folhapress | ||
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Por duas ocasiões, a secretaria afirmou que "não houve acordo ou decisão" sobre diminuir a retirada de água.
A pasta diz que lamenta a decisão da agência, mas "estranha o momento" em que ela foi tomada.
Especialistas afirmam que a divergência entre os órgãos se aprofundou com o agravamento da crise que abate o sistema, que ontem (19) tinha apenas 8,4% da água que é capaz de armazenar.
Eles avaliam que, com o risco de desabastecimento aumentando progressivamente, a retirada da ANA do grupo é estratégica para eximi-la da responsabilidade sobre a gestão da crise –especialmente no período eleitoral.
Procurado, o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, não se pronunciou.
É consenso entre especialistas que a saída da ANA deve levar o grupo a acabar, o que deixará uma espécie de "vazio institucional".
Isso porque os parâmetros para gestão do Cantareira, fixados na outorga do sistema, não previam um cenário tão seco como o deste ano, e o grupo servia para discutir novos critérios que aumentassem a sobrevida do sistema.
Para o professor da USP Rubem Porto, o problema não é técnico, mas o rompimento de um diálogo. "Por mais que divirjam, as instituições precisam se entender para tomar decisões estratégicas."
Colaborou AGUIRRE TALENTO, de Brasília
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