Após 90 anos, ave da América do Norte é vista em Guarapiranga, em SP
Apesar de sempre ser associada à poluição, a represa de Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, trouxe uma grata surpresa para o biólogo Fabio Schunck no mês passado.
"Depois de uma chuva forte, fui até o parque Praia São Paulo ver se tinha aparecido algum maçarico. Essas aves descem para se proteger das tempestades. Cheguei lá e vi o bichinho, foi incrível e emocionante", relata.
Sem acreditar direito, Schunck, que é ligado ao museu de Zoologia da USP, fez imagens históricas.
Há 90 anos, o maçarico-branco avistado por ele não era registrado na capital. Na última vez, no século passado, a ave estava no bairro do Ipiranga que, na época, ainda tinha muitas áreas naturais, além do famoso riacho.
Fabio Schunck | ||
A ave da espécie maçarico, que vem da América do Norte e foi vista na represa de Guarapiranga, em SP, após 90 anos |
"Com certeza essa ave não ficou sumida. Ela deve ter aparecido por aqui, mas ninguém documentou".
O pequeno pássaro faz todos os anos o caminho da América do Norte para a América do Sul, pelo litoral.
Mas quando o tempo fecha perto do oceano, ele busca refúgio no continente.
O mesmo maçarico fotografado pelo biólogo chegou a ser visto no dia seguinte, mas, depois, continuou sua rota de migração.
"Faltam pesquisadores nesta área. Como moro próximo à represa, acabei dando essa sorte", comemora.
Desde 2004, ele monitora as aves migratórias da Guarapiranga. À época eram conhecidas seis espécies, entre maçaricos e batuíras.
Hoje, muito por causa do empenho do estudioso das aves, existem 16 espécies catalogadas como migratórias. Nove foram identificadas pelo trabalho de Schunk.
"Mesmo sendo uma região muito ocupada e com poucas áreas naturais, locais como a Guarapiranga são extremamente importantes e estratégicos como ponto de parada, descanso e alimentação destas aves migratórias que chegam da América do Norte todos os anos, mesmo com a poluição", conta.
Apesar da chegada das aves todos os anos à capital, os obstáculos enfrentados em terra não são poucos.
Sem áreas protegidas, apesar da recente criação de parques municipais no local, os banhistas de fins de semana expulsam as aves.
E os cachorros sem dono acham nos bichos que voaram milhares de quilômetros, e por isso estão debilitados, uma fonte fácil de alimento.
"A prefeitura deveria dar uma maior atenção para a região", diz Schunk.
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Nome científico: Calidris alba
Tamanho: 18 cm a 20 cm
Peso: 40 g a 100 g
Alimentação: Pequenos caranguejos e outros invertebrados
Migração: Viajam entre 3.000 e 10 mil km. Deixam locais de reprodução no Ártico entre julho e setembro e retornam para o norte em março
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