'Você não merecia isso', diz Gabriel Medina sobre morte de surfista em SC
Nas redes sociais, os principais surfistas brasileiros lamentaram a morte do catarinense Ricardo dos Santos, 24, baleado por um policial militar na manhã desta segunda-feira (19), em Palhoça (na Grande Florianópolis).
O atleta era chamado de Ricardinho por colegas da elite do surfe brasileiro. Ele levou três tiros na frente da casa da família, na praia da Guarda do Embaú, após discutir com o policial militar Luís Paulo Mota Brentano, 25.
O campeão mundial Gabriel Medina postou uma tela preta no Instagram e escreveu: "Ricardinho, você não merecia isso". "Por que isso acontece com gente de bem?", acrescentou.
Alejo Muniz chamou Ricardinho de "amigo e irmão" e criticou a violência. "O valor quase nulo pela vida do próximo não pode continuar."
Adriano de Souza, o Mineirinho, referiu-se ao catarinense como "nosso querido e jamais esquecido" amigo. "Você foi e sempre será lembrado como um guerreiro", postou.
O presidente da Fecasurf (Federacão Catarinense de Surfe), Frederico Leite, lembrou que Ricardinho foi um dos surfistas mais expressivos do Estado. "Os mares com ondas grandes eram onde ele mais se destacava".
Ricardinho nasceu na Guarda do Embaú e surfava desde os sete anos de idade. Ele começou a disputar etapas do Circuito Mundial em 2008, mas estava fora da elite do esporte desde 2013.
Em 2012, em um de seus maiores feitos, derrotou Kelly Slater, dono de 11 títulos mundiais, em uma etapa do WCT. Atualmente, participava de campeonatos internacionais em ondas gigantes.
Steve Robertson - 27.ago.2012/Efe | ||
Ricardo dos Santos durante competição no Taiti, em agosto de 2012 |
BALEADO
A morte foi confirmada pela direção do Hospital Regional, em São José, onde o atleta passou por quatro cirurgias para conter hemorragias. A unidade não deu detalhes à imprensa.
Segundo a família, os disparos atingiram a veia cava, que irriga o coração, e o surfista precisou receber 24 litros de sangue para tentar se restabelecer. "Os médicos disseram que o estado era crítico e que ele resistia por causa da condição de atleta", contou o tio, Mauro da Silva, 35.
Na segunda, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, Ricardinho passou sete horas no centro cirúrgico, para onde voltou nesta terça em mais uma tentativa de controlar a hemorragia. Os amigos fizeram um mutirão de doação de sangue para ajudar o atleta.
RECONSTITUIÇÃO
O delegado Marcelo Arruda, responsável pelo caso, anunciou que fará uma reconstituição do crime. Ele reforçou que o desentendimento começou depois que o policial parou o carro em frente à casa do surfista.
Na versão do policial, o surfista o abordou com agressividade e o ameaçou com um facão, o que o levou a atirar em Ricardinho.
"Não tem nada de facão. Ele (militar) estava tão doido que não conseguia nem falar. Disse que ia vazar (depois que o surfista o abordou), mas atirou de dentro do carro mesmo", contou o tio, Mauro da Silva, que estava no local.
"O que aconteceu foi uma covardia", disse o avô do surfista, Nicolau dos Santos, 73.
O comando estadual da PM informou que o soldado pediu para ser submetido a exames toxicológicos após ser preso. Os resultados não foram divulgados.
Brentano, que é soldado em Joinville (a 170 km de Florianópolis), passava férias na região. Ele foi preso horas após os disparos e continua detido no quartel da Polícia Militar em Florianópolis. O soldado disse à polícia que agiu em legítima defesa.
O comando estadual da corporação informou que ele ainda não tem advogado.
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