Casos de dengue aumentam 163% em SP; uma morte está sendo investigada
Em tendência de forte alta em relação ao ano passado, a dengue já atingiu 563 pessoas entre 4 de janeiro e 24 de fevereiro deste ano em São Paulo, ante 214 em relação ao mesmo período do ano passado.
O aumento é de 163%, segundo boletim divulgado nesta quinta-feira (26) pela Secretária Municipal da Saúde. Se comparadas as quatro primeiras semanas de 2014 e 2015, o incremento é ainda maior, de 171%.
As notificações (que agregam casos não contraídos em São Paulo, mas diagnosticados na cidade) também aumentaram. Foram 2.708 em 2015, contra 1.440 no ano passado.
A morte de uma idosa na Brasilândia (zona norte) está sendo investigada. Se confirmado óbito por dengue, será a primeira morte neste ano. Em 2014, 14 pessoas morreram.
A região norte continua amargando a maior incidência de casos no município. O bairro do Jaraguá teve 92 casos, seguidos da Brasilândia (80) e Limão (42).
As quatro primeiras semanas do ano já indicavam a alta na região norte. Foram 4,9 casos para cada 100 mil habitantes na zona norte, seguidas pelas zonas oeste (2,2), sul (1,9) e leste (0,6).
Ainda, a secretaria registra no município quatro casos da febre chikungunya, doença viral semelhante à dengue. Os casos, entretanto, são "importados" e vieram principalmente da América Central.
FALTA DE CARROS
A Folha informou no dia 13 que havia falta de carros na região norte para o transporte dos agentes de combate ao Aedes aegypti, vetor da dengue, mas a prefeitura minimizou o problema nesta quinta (26).
"Os agentes gostam de falar o que não sabem direito", diz Paulo Puccini, secretário adjunto da saúde. "Há 300 carros disponíveis da Covisa [Coordenação de Vigilância em Saúde]."
Os carros atendem, no entanto, todo o município de São Paulo e a região continua desassistida, segundo agentes.
A prefeitura credita o aumento na região à falta de água, que teria contribuído para acúmulo de água limpa sem proteção.
EXPLICAÇÕES
Já para explicar o aumento de casos em todo o município, a secretaria apresentou os argumentos clássicos atrelados a características da doença, como a chegada do verão, as altas temperaturas, a incidência em surtos a cada 3 anos e a entrada de novos tipos de vírus.
O infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP, no entanto, diz que a situação da dengue em São Paulo já é endêmica e ocorre todos os anos, o ano inteiro.
"A dengue não é mais sazonal. No ano passado, houve incidência o ano inteiro", explica.
Em relação ao aumento em 2015, o infectologista diz que houve falha na prevenção. "O que se tem notado, principalmente em municípios com poucos recursos, é um afrouxamento no combate do mosquito antes do verão."
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha