Gestão Haddad e entidades culpam falta de médicos por precariedade
A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) e as organizações sociais de saúde SPDM e Santa Marcelina, principais gerenciadoras das AMAs, afirmam que a principal causa da precariedade da assistência básica em São Paulo é a falta de médicos.
Apontam razões como a demanda maior que a oferta de profissionais disponíveis no mercado e a distância, a violência e a falta de estrutura do entorno, no caso das unidades nas periferias.
Mas essa dificuldade é histórica –e, embora possa ter sido agravada, dificilmente justificaria, sozinha, a queda de 1,5 milhão de consultas nas AMAs 12 horas em 2014.
Segundo a OSS Santa Marcelina, houve um "plano de redução do recurso financeiro proposto pela Secretaria Municipal de Saúde". E a entidade diz que isso teve "reflexo na captação, retenção e substituição do profissional".
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress | ||
Silvana Ferreira, 39, reclama da falta de médicos na AMA |
Sobre a redução de repasses para as entidades, a gestão Haddad afirma que isso é motivado pelo não cumprimento da meta das organizações, que deixam de usar parte do repasse ao não contratar profissionais, por exemplo. Com isso, os repasses seguintes sofrem desconto proporcional ao que não foi usado, segundo a prefeitura.
Editoria de Arte/Folhapress |
O secretário da Saúde, José de Filippi Júnior, afirma que chamou as organizações para conversar ao notar a queda de 21% nos atendimentos das AMAs 12 horas. "É preocupante", admite.
Defensor do programa federal Mais Médicos, que contrata profissionais brasileiros e estrangeiros para atender centros desassistidos, Filippi diz que, sem a iniciativa, a cidade teria tido 1 milhão de consultas a menos em 2014.
SALÁRIOS
Um dos problemas para atrair médicos para lugares distantes é a remuneração paga pelo poder público.
Em geral, a administração indireta paga melhores salários, que podem chegar a R$ 15 mil por 40 horas semanais, segundo a prefeitura.
Mas a gestão Haddad alega já ter feito uma reformulação do plano de carreira dos médicos. O salário médio para 40 horas semanais passou de R$ 7.700 para R$ 11 mil em maio. Em maio de 2016, passará a ser de R$ 12 mil.
O secretário Filippi Júnior alega que não basta aumentar salário dos médicos para atraí-los ao serviço público. Diz ser preciso oferecer condições melhores de trabalho, como transporte para unidades distantes do centro.
A OSS Santa Marcelina diz que unidades como a AMA Castro Alves, localizadas em áreas de "grande vulnerabilidade", sujeitam profissionais a violência física e emocional diariamente.
Afirma oferecer apoio. "Nos casos mais graves, eles são transferidos. Em último caso, desistem do serviço."
Já a SPDM afirmou que a carência de médicos se deve, principalmente, à oferta maior que a procura e à falta de segurança em áreas periféricas.
Questionada sobre eventual restrição de recursos, ela se limitou a informar que "questões orçamentárias" deveriam ser tratadas diretamente com a Secretaria de Saúde.
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