Diretor do metrô de Londres aprova espaço das estações em SP
Edilson Dantas/Folhapress | ||
George McInulty, diretor de programas de infraestrutura do metrô de Londres |
Diretor de programas de infraestrutura do metrô londrino, conhecido pela regularidade e qualidade, o britânico George McInulty gostou do que viu –e usou— no transporte público paulistano, e elogiou a ampla largura das plataformas de embarque.
"O metrô de Londres, por sua natureza, é estreito. E quando você constrói metrô, você precisa construí-lo grande, porque ele sempre será mais movimentado do que você prevê. Minha experiência é que a demanda sempre supera a oferta", disse McInulty em entrevista exclusiva à Folha.
Para McInulty, São Paulo deveria investir mais no sistema sobre trilhos. "Aqui há somente três linhas, e a cidade é enorme. O que percebemos em Londres é que, uma vez que você constrói transporte, isso leva a crescimento econômico. Transporte público traz crescimento, e é por isso que em São Paulo essa seria uma decisão fantástica a se tomar."
O diretor do metrô londrino está em São Paulo para participar da 18ª edição da NT Expo (Negócios nos Trilhos), em que o Reino Unido é o país homenageado. Na tarde desta quinta-feira (5), McInulty proferirá palestra sobre o programa de investimentos que coordena.
Outro aspecto positivo que McInulty observou em sua experiência com o metrô paulistano foi a boa sinalização. "Achei que foi brilhante, muito eficiente, a sinalização era boa, foi fácil achar meu caminho, e cheguei ao meu hotel mais rápido do que em um táxi –e de forma muito mais barata", disse.
"É um ótimo sistema. Vou a metrôs em todo o mundo. O teste-chave, para mim, é a conectividade de um sistema de transporte ao aeroporto, porque é isso que um visitante vivencia. Tomei um ônibus de Guarulhos até a estação Tatuapé, que é muito movimentada, paguei meus R$ 3,50 para o bilhete do metrô e embarquei facilmente", completou McInulty.
ESTACIONAMENTOS
Uma das coisas que impressionou o britânico em sua passagem por São Paulo foi a grande quantidade de estacionamentos espalhados pela cidade.
"Estacionamentos parecem ser um grande negócio. Em todo lugar que se vai há algo sobre quanto custa parar o carro, onde é possível fazê-lo. E tudo o que isso diz para mim é que não há transporte público suficiente, e não há ênfase nisso", ponderou McInulty.
Na opinião do diretor, é fundamental se colocar na posição de usuário do transporte público na hora de tomar decisões. Um exemplo disso é a nova política de pagamentos vigente no sistema de Londres, que aceita cartões de crédito com tecnologia "contactless" nas catracas.
"Nós dizemos: por que nossos passageiros precisam converter suas moedas para a nossa ao comprar um bilhete? Precisamos fazer o sistema tão fácil quanto possível, com acessibilidade nas estações, e oferecer o máximo de informação possível ao público sobre o serviço. Isso é colocar o poder na mão dos consumidores", afirmou.
Sobre a decisão do governo do Estado de investir em monotrilhos, McInulty crê que São Paulo estará na vanguarda da nova geração dessa tecnologia se cumprir o que promete.
"Um trem carregando 360 passageiros a cada 80 ou 90 segundos é difícil de conseguir em um sistema de metrô, e fica a dúvida sobre se isso será possível com monotrilhos. Eu espero que sim."
O metrô de Londres tem 11 linhas espalhadas por mais de 400 km. Em São Paulo, o sistema tem cinco linhas, e extensão total de 79 km.
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