Atingida por incêndio, estação da Luz não tem aval do Corpo de Bombeiros
O complexo da estação da Luz, que inclui o prédio do Museu da Língua Portuguesa –devastado por incêndio–, não tinha aval do Corpo dos Bombeiros para funcionar.
De acordo com os Bombeiros, os responsáveis pelo museu apresentaram um projeto em 2004 –que foi aprovado–, mas não deram prosseguimento ao pedido.
Apresentação do projeto é a primeira fase de um processo para obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpos de Bombeiros).
O segundo passo é um pedido de visita dos Bombeiros para análise das edificações. Se aquilo que está projeto foi realmente implantado. Se estiver, o Corpo de Bombeiros fornece um documento atestando a segurança do local. Caso contrário, pede a regularização.
Ainda de acordo com os Bombeiros, neste mês o museu apresentou um novo projeto para o prédio, que inclui uma estação do metrô, mas ainda não teve resposta.
A Prefeitura de São Paulo diz que vai enviar uma nota manifestando sobre a situação do prédio.
O museu completaria dez anos em março do ano que vem. O secretário estadual da Cultura, Marcelo Araujo, disse que "o local tinha todos os equipamentos de segurança necessários". Araujo justifica a falta de alvará ao fato de se tratar de um prédio antigo, em que há vários equipamentos, como museu e estação.
O INCÊNDIO
O incêndio que destruiu parte do prédio da estação da Luz, patrimônio histórico na região central de São Paulo, devastou todo o Museu da Língua Portuguesa, um dos mais visitados da cidade e abrigado no local desde 2006.
Um bombeiro civil que trabalhava no local, intoxicado com a fumaça, morreu com parada cardiorrespiratória.
Segundo os bombeiros, as chamas destruíram o segundo e terceiro andares do prédio, mas, em princípio, não afetaram a estrutura da estação de trem local -onde passam 200 mil pessoas ao dia.
No local, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que irá reconstruir o museu.
O incêndio começou por volta das 15h50 e foi controlado duas horas e meia depois. Uma imensa nuvem de fumaça cinza se espalhou pelo centro da cidade, e o teto de madeira do prédio, restaurado no século passado, desabou.
Para conter as chamas, os bombeiros contaram com a ajuda da forte chuva que desabou à tarde na capital.
Como toda segunda-feira, o museu estava fechado ao público. Funcionários relataram que deixaram o prédio após ouvir o alarme de incêndio.
"O museu foi totalmente afetado, é uma tragédia", disse o secretário estadual de Cultura, Marcelo Araújo. Todo acervo do museu, porém, é digital e, segundo ele, conta com cópia de segurança -ainda não estimativa de prejuízo.
CAUSA DO INCÊNDIO
Os bombeiros já iniciaram as investigações sobre as causas do incêndio. Ainda será realizada uma perícia.
Atualmente, a mostra exposta no museu contava a história do etnógrafo potiguar Câmara Cascudo.
Para tanto, havia um corredor com 20 mil livros, que levava à "Babilônia" uma instalação de madeira feita para recriar o caos da biblioteca do autor. Havia, também, 1.100 figuras de gesso que representavam entidades do candomblé e do catolicismo e bonecos do folclore brasileiro.
Segundo sua neta, Camilla Cascudo, eram reproduções ou objetos feitos especialmente para a exposição –o acervo de Cascudo está intacto, em Natal (RN).
Esse não foi o primeiro incêndio no local. Em 1946, o foco engoliu parte da estação. As chamas, segundo noticiou a "Folha da Manhã", destruíram o famoso relógio da estação, no alto de uma torre.
Nesta segunda, porém, o relógio não foi atingido e registrava 18h15 quando os bombeiros controlaram o fogo.
Como era o Museu da Lingua Portuguesa
Com ARTUR RODRIGUES, EMÍLIO SANT'ANNA, FABRÍCIO LOBEL, FELIPE SOUZA, GABRIELY ARAÚJO, GUILHERME BRENDLER, JULIANA GRAGNANI, LEANDRO MACHADO E RODRIGO RUSSO
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