Agentes em SP demoram mais de um mês para ir a foco de dengue
Moradores que flagram focos de mosquito da dengue na cidade escutam de atendentes do 156 da Prefeitura de São Paulo que devem aguardar de 30 a 40 dias a visita de agentes para realizar a inspeção.
Um mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, a zika e a chikungunya, é capaz de picar cerca de três pessoas a cada dois dias.
O porteiro Gilmar da Silva Machado, 24, ouviu que teria que esperar esse prazo ao ligar para a Subprefeitura do Campo Limpo (zona sul da capital paulista) para reclamar de um imóvel abandonado vizinho à sua casa.
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
Vaso sanitário acumula água em posto de gasolina abandonado, na avenida Jacu-Pêsssego, na zona leste de São Paulo |
Machado conta que o lugar tem pontos de água parada, o que pode facilitar a proliferação do mosquito. "Liguei de novo e, até agora, nada", disse o porteiro.
O operador de logística Daniel Vieira, 32, espera há dois meses uma providência da administração em relação ao terreno baldio e cheio de entulho que fica do lado de sua casa, no bairro de Cidade Líder (zona leste).
O terreno é particular, mas o dono não faz a limpeza. "Eles falam que vão mandar alguém e, até agora, nada. Vivo preso dentro de casa, só uso calça e camisa de manga comprida", afirma Vieira, que tem um filho recém-nascido em casa.
Situação parecida vive a dona de casa Adriana Rodrigues de Almeida Souza, 41. Ela mora em frente a uma praça que está com mato alto e acúmulo de entulho em São Miguel Paulista (zona leste). A reclamação foi feita há cerca de 40 dias. "Minha vizinha ligou na prefeitura várias vezes, mas ninguém veio", diz Adriana.
O pesquisador Paulo Roberto Urbinatti, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, diz que a fêmea do aedes (que transmite os vírus) precisa picar cerca de três vezes a cada 48 horas -a mesma pessoa ou não.
Entre 30 e 40 dias, média da vida adulta do mosquito, uma fêmea é capaz de colocar até 500 ovos (parte morre, a outra dá sequência à infestação).
A zona leste de São Paulo é a região mais afetada pelo surto de dengue, com 837 casos da doença registrados este ano até o dia 31 de janeiro.
OUTRO LADO
A Prefeitura de São Paulo informou que a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde de São Paulo) visita, prioritariamente, os locais com maior incidência das doenças.
O prazo varia de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Em áreas públicas, a inspeção é com urgência. Em áreas particulares, os donos têm 60 dias para limpar, ou podem ser multados.
Em relação aos locais citados na reportagem, a pasta afirma que o imóvel da Vila Mendes e o terreno no Campo Limpo foram vistoriados.
A praça em São Miguel Paulista irá receber uma equipe de limpeza na próxima semana. A rua Alto Alegre será vistoriada, assim como o posto abandonado.
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