Médico reprovado em 'provão' terá cursinho de graça em São Paulo
Quase 80% não sabem interpretar um exame laboratorial de insuficiência renal. Dois terços erram nos tratamentos de asma em crianças e do tipo mais frequente de infarto em adultos. Mais da metade não sabe reconhecer um caso de hipertireoidismo.
Quase metade dos recém-formados em escolas médicas paulistas reprovados no exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP), por errarem questões básicas como os exemplos acima, terão uma "segunda chance" de melhorar o seu desempenho profissional.
A partir da próxima semana, o Cremesp, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, oferecerá cursos on-line gratuitos aos formandos de medicina que não foram aprovados no "provão" do conselho.
Segundo Braulio Luna Filho, presidente do Cremesp, o conteúdo dos cursos levou em conta temas e áreas em que os egressos apresentaram mais dificuldade, como clínica médica (51% de acertos), saúde pública (53%), pediatria (62%) e ginecologia e obstetrícia (68%).
"É o que podemos fazer para aqueles que foram muito mal, que acertaram 20%, 30% das provas", diz Luna Filho. Por força de lei, o Cremesp não pode impedir que esses médicos ingressem no mercado de trabalho.
Para ele, a oferta do curso é uma tentativa de proteger a população de "um indivíduo que não tem condições de exercer a profissão". "As escolas médicas formam mal e lavam as mãos", afirma.
De 2.726 formandos que participaram do exame do ano passado, 48% não alcançaram a nota mínima. Ou seja, acertaram menos de 60% das 120 questões da prova, índice que o Cremesp considera mínimo para a aprovação.
Entre os formados em faculdades públicas paulistas, a reprovação foi de 26%. Já entre os cursos de medicina privados, esse índice sobe para 59%.
Para terem acesso ao reforço de graça, os egressos reprovados receberão cupons individuais (e intransferíveis) que dão direito aos cursos do Portal Educação do Cremesp, e serão acompanhados para avaliar se superaram dificuldades em temas específicos.
CRITÉRIO EM USO
Todo conteúdo foi elaborado pelo hospital Albert Einstein, que já adota a prova do Cremesp como condição para a contratação de novos médicos.
Várias instituições de ensino paulistas também passaram a considerar a participação do egresso no exame como critério de seleção em programas de residência médica.
As secretarias estadual e municipal de Saúde de São Paulo, por sua vez, começaram a exigir a inscrição no exame em concursos para seleção de médicos.
O mesmo também passou a ser utilizado no credenciamento de jovens médicos por diversas operadoras de planos de saúde atuantes no Estado de São Paulo.
O curso on-line voltado aos reprovados do "provão" integra um novo portal do Cremesp voltado à atualização e revisão continuada da medicina, com aulas e palestras e de cursos à distância desenvolvidos em parceria com outras instituições.
Mas apenas os médicos reprovados é que terão acesso gratuito aos cursos.
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