Motoristas do Uber prometem protestos nesta segunda-feira
Motoristas do Uber fazem nesta segunda-feira (28) paralisação e manifestações contra a "exploração" do aplicativo da multinacional norte-americana de caronas pagas.
Estão na mira da manifestação a redução de 15% da tarifa e o aumento no número de motoristas, fatores que têm, segundo eles, reduzido os ganhos dos cadastrados.
Os organizadores esperam que 30% dos 10 mil cadastrados em todo Brasil deixem o aplicativo desligado das 5h de hoje até o mesmo horário de amanhã. São esperadas adesões em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio e Porto Alegre.
Na capital paulista, motoristas prometem estacionar os veículos na Praça Charles Miller, no Pacaembu, em ato similar ao já realizado pelos taxistas —contra a liberação do Uber na cidade. Outro grupo deve se reunir na Barra Funda, na frente da sede do Uber.
Andrew Caballero-Reynolds/AFP | ||
Passageiro mostra aplicativo Uber em celular |
Um dos organizadores da paralisação, o motorista Alexandre Freitas, 42, afirma que, com a queda da tarifa, é necessário trabalhar muito mais para ganhar a mesma coisa. O que ainda provoca mais custos de manutenção, diluindo o lucro.
"Aumentou o combustível, entrou muito mais carro, e o que está sendo pago pelo Uber é irrisório, " diz. "O que estamos vendo é uma exploração, mesmo não tendo vínculo empregatício. Nossa ferramenta para reivindicar é a mobilização."
Quem se cadastra no Uber fica com 75% a 80% de cada viagem. O restante vai para a empresa do aplicativo. A tarifa foi reduzida em novembro.
Nelson Bazolli, presidente da Associação dos Motoristas Parceiros das Regiões Urbanas (Amparu), que reúne cadastrados do Uber, também apoia a paralisação. Nos cálculos da associação, o motorista tem que trabalhar de 15 a 18 horas para ganhar, por dia, o mesmo que recebia antes da mudança em 12 horas de serviço.
Segundo ele, a nova política da empresa pode colocar em risco a segurança e a qualidade do serviço. "Como a margem de lucratividade ficou reduzida, é preciso fazer mais viagens. Os motoristas vão acabar diminuindo a manutenção dos veículos", afirma. "Pneu careca, por exemplo, é uma vistoria que o Uber não faz."
Bazolli diz que é necessário haver bases mais estruturadas na relação do Uber com os motoristas, que são classificados como parceiros, "para que haja um equilíbrio maior nessa parceria".
Para o professor da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) Marcus Orione, aplicativos como o Uber geram uma relação de trabalho nova e complexa para o judiciário. "Com o tempo, a Justiça do trabalho vai começar a receber demandas de motoristas e, em principio, tende a dizer que não tem relação empregatícia", diz ele, que é juiz federal do Trabalho.
"Esses impasses vão resultar em mobilizações, mas também podem parar na Justiça comum, no debate de natureza contratual e discussões indenizatórias."
Em nota, o Uber defendeu que os "motoristas parceiros continuam ganhando a mesma porcentagem" do valor das viagens. A empresa argumenta que estudos realizados com dados de 400 cidades mostram que a redução dos preços provocou aumento da demanda por carros. "Com isso os motoristas parceiros farão ainda mais viagens e continuam gerando tanta renda quanto antes, chegando até a ganhar mais."
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