Com surto de gripe, pais enfrentam filas em hospitais até de madrugada
O surto da gripe H1N1 fora de época em São Paulo tem lotado os prontos-socorros públicos e privados infantis até mesmo de madrugada. O resultado são filas de espera de mais de três horas e pais tentando buscar estratégias para fugir delas.
Na última semana, a reportagem da Folha percorreu durante a madrugada os hospitais privados no centro e zona oeste de São Paulo. Em alguns deles, banners orientavam sobre os sintomas da doença e a maneira de evitá-la.
No Hospital Infantil Sabará, em Higienópolis, centro de São Paulo, 75 crianças deram entrada no pronto-socorro infantil com febre, coriza e vômito, entre a noite da última quinta-feira (31) e a madrugada de sexta (1º).
Segundo uma funcionária do atendimento, dez destas crianças foram diagnosticadas com H1N1 e várias delas estão em observação. Por volta das 4h30, uma menina utilizando máscara esperava atendimento deitada no colo do pai.
A opção pelo atendimento de madrugada, segundo pais falaram para alguns funcionários do hospital, é para fugir das filas. No entanto, em alguns dias nem mesmo durante a noite os pais conseguem fugir da espera, que pode chegar até quatro horas e meia.
Nas duas unidades do hospital particular São Camilo que têm pronto-socorro infantil houve um aumento no volume de atendimentos. As unidades Pompeia e Santana registraram cerca de 4% e 8% mais pacientes infantis do que no mesmo período do ano passado.
O aumento da doença tem mudado também a rotina de acolhimento das crianças nos prontos-socorros infantis. Os desenhos para colorir, giz de cera e lápis de cor –antes oferecidos para os pequenos passarem o tempo– foram banidos no Sabará, ao menos por enquanto, devido ao risco de contágio de gripe. Na sala de espera do hospital infantil são disponibilizados ainda lenços de papel e luvas para os pais utilizarem em caso de suspeita da doença.
Com a fila de espera, como ocorre no Sabará, uma mãe (que pediu para não ser identificada) optou por levar o filho de dois anos ao pronto-socorro do particular Samaritano, em Higienópolis, na madrugada da última quinta (31). Quando a mulher chegou ao local, encontrou uma fila de espera menor. "Meu filho estava resfriado e a febre se agravou durante a madrugada", falou a mãe, justificando o horário de ida ao pronto-socorro.
Preocupada com o surto da gripe, a engenheira Cláudia dos Santos Martins, que mora em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) levou o filho de 12 anos, com gripe, ao Hospital Santa Catarina, na Bela Vista, centro de São Paulo, na madrugada desta sexta.
"Dei o remédio o dia inteiro e, como a febre não passou, vim direto para cá. Aqui nunca tem fila e só liberam com 100% de certeza", falou Cláudia, aliviada pelo filho não ter contraído a doença.
O tempo de espera para ser atendido por um médico era de 30 minutos no Santa Catarina, mas os pais tinham que esperar o resultado dos exames para os filhos serem liberados.
OUTRO LADO
Em nota, o hospital Sabará informou que o pronto-socorro infantil recebe uma alta demanda de pacientes desde o início de março, o que pode aumenta a espera para casos de baixo grau de urgência. O Sabará afirma ainda ter aumentado em 20% o efetivo de médicos do pronto-socorro em relação a 2015 e ter aberto dois consultórios extras, além de uma terceira sala de pré-atendimento.
"Pacientes emergenciais serão atendidos imediatamente a sua chegada no Hospital. Pacientes urgentes serão priorizados e atendidos em até 60 minutos. Demais pacientes serão atendidos na sequência, após andamento da fila de pacientes prioritários", diz a nota.
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