Paralisação de motoristas afetou 1,5 milhão de passageiros, diz prefeitura
A Prefeitura de São Paulo calcula que 1,5 milhão de passageiros foram prejudicados pela paralisação de motoristas e cobradores na manhã desta quarta-feira (18) em São Paulo. O movimento fechou 29 terminais de ônibus entre as 10h e o meio-dia.
O número é um terço dos 4,5 milhões de passageiros que usam ônibus em São Paulo nos dias úteis.
Na quinta (19), haverá outra interrupção do serviço, entre as 14h e as 16h.
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A categoria pede reajuste de 5%, além da correção da inflação, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 2.000, convênio médico gratuito, seguro de vida e auxílio-funeral.
O movimento fez o trânsito em São Paulo ficar até 49% acima da média –o pico se deu às 11h, com 115 km. Para o dia e para o horário, a média máxima de lentidão é de 77 km, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
No terminal João Dias, na zona sul da cidade, a dona de casa Walkiria de Carvalho, 27, com um bebê de um ano no colo, foi obrigada a descer do ônibus em razão da paralisação. "Se eu soubesse, não tinha embarcado. Ninguém avisou nada no [terminal] Capelinha, quando eu entrei no ônibus. Meu irmão passou o bilhete único para mim, e agora eu não tenho dinheiro para outra passagem", disse.
Walkiria disse que uma funcionária prometeu colocá-la no ônibus assim que o serviço fosse retomado –o que ocorreu por volta de 12h10.
Outros passageiros faziam fotos de ônibus parados, para mostrar aos chefes que chegariam atrasados. "Estou enviando para o meu chefe, para ver se ele acredita", diz Gardênia Alves, 30. Ela é funcionária de um restaurante e não vai conseguir chegar ao trabalho. "O meu chefe está preocupado porque nenhum empregado está conseguindo ir."
CAIU DO CAVALO
Valdevan Noventa, presidente do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), culpou o prefeito Fernando Haddad (PT) pela paralisação.
"O prefeito concedeu 600 mil gratuidades no final do ano, aumentou o tempo do Bilhete Único. Aí eu fico perguntando: quem vai pagar essa conta? Essa conta não é do trabalhador de transporte. Se o prefeito achou que ia diminuir a frota, demitir cobradores para dar esses benefícios, esse assistencialismo para se manter no cargo, ele caiu do cavalo", disse.
Secretário municipal de Transportes da gestão Haddad, Jilmar Tatto disse ainda que a prefeitura tem cumprido com os seus compromissos. "A prefeitura tem cumprimento rigorosamente os contratos. Ela tem pago em dia todo o sistema, então, é uma relação privada entre patrões e empregados e, infelizmente, a população está pagando um preço alto em dia de chuva", disse.
O sistema de transporte recebe cerca de R$ 2 bilhões em subsídio.
A prefeitura diz acompanhar de perto a paralisação, mas afirma tratar de relação entre empresários e empregados.
O SPUrbanuss (sindicato patronal) classificou ser "desnecessária a manifestação de motoristas e cobradores, mesmo em horário de menor movimentação de passageiros". O sindicato disse ter feito uma proposta "possível" aos trabalhadores, diante do cenário de crise econômica. A oferta foi de reajuste salarial de 2,31% e no tíquete-refeição.
As negociações, disse o sindicato, ainda não foram encerradas.
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