Fanático não compartilha ídolo com outros, diz psicanalista
Reprodução Facebook | ||
Rodrigo Augusto de Pádua, que invadiu quarto da apresentadora Ana Hickmann, em BH |
Acabar com a angústia de viver longe do ser amado é um dos motivos que levam um fã doentio a querer matar seu ídolo, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
O psicanalista Jorge Forbes avalia que, além disso, ataques como os sofridos pela apresentadora Ana Hickmann podem indicar uma tentativa do fanático de se imortalizar na história da pessoa amada -ou, ainda, uma "fantasia canibal", de incorporar um ídolo em seu próprio corpo.
"Todos os fãs querem colecionar um pedaço do seu ídolo. Para essas pessoas não basta isso. Eles querem transformar seu ídolo em pedaços. Eles ultrapassam uma barreira. Levam sua fantasia ao mundo concreto", disse.
O psicanalista diz se tratar de fenômeno similar ao que provocou a morte do ex-Beatle John Lennon em 1981, assassinado por um fã -identificado depois como Mark David Chapman.
Bob Gruen/Divulgação | ||
O cantor John Lennon no estúdio Hit Factory, Nova York (EUA), em 1980 |
O crime aconteceu na porta da casa do músico, no famoso edifício Dakota, em Nova York, quando Lennon dava autógrafos a admiradores. Forbes diz que é muito tênue a linha entre um fã normal e um fã doentio, capaz de matar. Assim, é difícil para família e amigos conseguir detectar esse problema.
Uma diferença básica, diz, é que um fã doentio não gosta de compartilhar seu ídolo com outros fãs. "Geralmente quem faz esse tipo de ataque não pertence a nenhum fã clube. Quem pertence a fã clube não mata seu ídolo. Roberto Carlos é inteligente de dar a rosa do final do show. Aí, pegam a rosa, e não ele."
O perito criminal Sami El Jundi diz que essa adoração trágica é comum também em algumas relações doentias em que um parceiro não aceita um fim de relacionamento. "São aqueles que dizem que 'se não pode ser minha, não vai ser de mais ninguém'."
Em alguns casos, afirma o perito, os ataques podem estar ligados aos sintomas de esquizofrenia paranoica -quando a pessoa diz receber voz de comando para os ataques.
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