Empresário que vendia pão de mel agora quer inspirar jovens da zona sul
José Carlos Anunciação faz o pão e Bruno "Capão", o marketing. Os irmãos trabalham para oferecer aos clientes a "experiência sensorial" de uma padaria "gourmet" em pleno Capão Redondo, bairro mais lembrado como "periferia" pelos paulistanos, segundo pesquisa Datafolha.
O espaço, batizado de Ateliê Sustenta Capão, só recebe fregueses sob demanda. Por fora, combina com o entorno: é uma porta simples, no fim de um beco. Por dentro, parece um bar descolado da zona oeste, com fornos de pão, pergolado coberto por folhas de parreira e decoração "sustentável", toda feita de itens encontrados no lixo.
Marcus Leoni/Folhapress | ||
O empreendedor social Bruno 'Capão' na porta do Ateliê Sustenta Capão |
Até chegar a esse modelo, Bruno Capão, 27, penou. No primeiro projeto, em 2012, a dupla vendia pães de mel feitos com uma receita da avó.
"Começamos com um investimento de R$ 70. Com o tempo, o produto se popularizou, mas não conseguimos dar conta da demanda, então quebramos", disse.
No momento, José Carlos, 35, trabalha em uma padaria que mantém no bairro, vendendo, além do pão de mel, pães orgânicos e focaccias integrais. Bruno, formado em gestão ambiental, atua em três frentes: na ONG Base Colaborativa, com sede no Jardim Paulista, no serviço de "experiência sensorial" do Sustenta Capão aos fins de semana e em um projeto chamado Lado B do Capão, que ele define como um laboratório de inovação social.
"É a minha utopia. Vamos ensinar negócios, educação e sustentabilidade. Já temos a laje onde vão acontecer as aulas", afirmou.
Bruno Capão, que domina bem o jargão dos empreendedores sociais, conta que a sede vai ser na sua casa.
"Quero fazer com que as pessoas saiam das suas bolhas e ampliem sua rede de contatos. Vamos trazer protagonistas para inspirar os jovens da comunidade", diz.
Da infância pobre até o empreendimento, o fundador do Sustenta Capão também tem uma história de redenção.
"Comecei cedo no crime e na droga. Com 14, já fumava maconha. Com 15, fui para a Febem, hoje Fundação Casa."
Depois de seis meses, fugiu, ele conta. Viveu um mês na rua até ser encontrado pelos pais, que o convenceram a se entregar. "Então eu estava decidido a cumprir o resto da pena. Quando saí, acabei o ensino médio, fui pai e realizei meu maior sonho até então: virei lixeiro."
O empreendedor entrou no curso de gestão ambiental e começou a dar valor ao lixo. Ganhou em casa o apelido de "acumulador" e, na comunidade, de "louco do projeto". Tem sempre um na cabeça.
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