Central da GCM não seguiu norma em ação que acabou na morte de menino
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Mãe de Waldick Gabriel Silva Chagas mostra a foto do filho morto por um GCM |
Em nenhum momento da perseguição que culminou na morte do menino Waldik Gabriel Silva Chagas, 11, na noite do último sábado (25), em Cidade Tiradentes (zona leste), o centro de operações da Guarda Civil Metropolitana pediu que os agentes envolvidos na ocorrência interrompessem a atuação e acionassem a Polícia Militar, como manda o protocolo. É o que comprovam as gravações da comunicação entre eles, obtidas pela Polícia Civil.
Segundo o secretário municipal da Segurança Urbana, Benedito Mariano, desde 2008 está estabelecido "de forma clara" que guardas-civis não devem participar de perseguições e só podem agir em situação de flagrante. Caso haja fuga dos suspeitos, os agentes devem avisar a PM.
Caio Muratori, 42, guarda-civil indiciado pelo homicídio culposo (sem intenção) de Waldik, disse à polícia que manteve contato com o centro de operações durante toda a ação. A informação foi confirmada pelos dois colegas que o acompanhavam.
Em depoimento, o agente disse que a recomendação para acionar a PM veio só após ele confirmar que Waldik estava morto.
O guarda-civil não esclareceu se veio do centro de operações a recomendação para atirar nos pneus do carro, como ele diz ter feito. Segundo o agente, um desses disparos atingiu Waldik.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse no início da semana que guardas-civis andam armados só para se proteger. "Não é para fazer policiamento", disse.
Segundo a polícia, o áudio confirma os depoimentos dos agentes. É comunicado até o momento em que o guarda-civil diz ter escutado estampidos que achou serem tiros. O conteúdo integral é mantido em sigilo.
Os investigadores aguardam os laudos da perícia e já ouviram os dois adolescentes que estavam com Waldik no carro. Ambos dizem que não estavam armados. O guarda-civil indiciado pagou fiança de R$ 5.000 e responde em liberdade. Ele e os dois colegas foram afastados.
PREFEITURA
Por meio de nota, a prefeitura, da gestão Fernando Haddad (PT), afirmou que o processo administrativo instaurado pela Corregedoria da Guarda Civil Metropolitana investiga toda a conduta adotada pela corporação na atuação da ocorrência.
A apuração incluiria também a conduta dos agentes do centro de operações. A gestão diz que vai colaborar com o que for necessário com a Polícia Civil para o esclarecimento do caso.
Os três guardas-civis que participaram do caso podem sofrer punições pela quebra de protocolo. Há, inclusive, a possibilidade de serem expulsos da Guarda.
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