Jornalista é agredido e detido pela PM em desocupação de fazenda em SP
Reprodução/EPTV | ||
Major da PM segura jornalista pelo pescoço durante operação de reintegração de posse em SP |
O jornalista Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional e ex-secretário de Cultura de Ribeirão Preto (SP), foi agredido foi agredido e detido pela PM enquanto cobria a reintegração de posse de uma fazenda pública invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto), em Ribeirão Preto, na tarde deste sábado (16). O governo Alckmin planeja vender essa e outras fazendas de pesquisa para a iniciativa privada.
Imagens mostram o major da PM Paulo Sérgio Fabbris avançando sobre o pescoço de Amorim e colocando-o algemado na parte de trás de um carro da polícia.
Na versão da PM, "desobedecendo à determinação legal do comandante da operação, o jornalista Galeno Amorim invadiu a área de segurança estipulada pela instituição e, por isso, foi contido pelos agentes da lei, que usaram de força moderada para tal", disse a corporação em nota.
Amorim, contudo, narra a situação de outra maneira. Ele conta que foi ao local para cobrir a reintegração de posse, invadida horas antes pelo MST, sem encontrar qualquer interdição no caminho, chegando até o portão da fazenda.
"Lá fui informado que não poderia passar porque estava interditado, e respeitei, disse que ficaria do lado de fora. Aí o policial falou que eu não poderia ficar lá. Como assim? Sou um jornalista com 40 anos de profissão. Nisso, veio o major, alterado e nervoso, dizendo 'suma daqui, não é o seu lugar'", conta Amorim.
"Argumentei que tinha o direito de fazer a cobertura, pela liberdade de imprensa, conheço a legislação. Ele me deu uma chave de pescoço, torceu meu braço e outro oficial me levou algemado", relata, dizendo que ficou poucos minutos no local. "Eu só argumentei que poderia trabalhar. Se isso for considerado desobediência, desacato, o mundo está perdido, acabou a liberdade de imprensa", desabafa o jornalista, filiado ao PT.
Segundo o Amorim, ele ainda ficou mais de uma hora dentro de um carro da polícia fechado e estacionado no sol em frente a uma delegacia. Lá, os agentes registraram um boletim de ocorrência por desobediência, e Amorim fez outro por agressão.
Em nota, a PM diz que "a ação foi legítima e que o Major Fabbris agiu corretamente dentro dos ditames da lei".
INVASÃO
A detenção do jornalista aconteceu durante a cobertura da operação de reintegração de posse do Polo Regional de Pesquisa em Ribeirão Preto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.
Cerca de 250 famílias ocuparam o local pela manhã, segundo o MST, e deixaram após a chegada da Polícia Militar, sem grandes conflitos. O governo Alckmin planeja vender essa e outras fazendas de pesquisa do Estado, e o MST pede que a área seja destinada à reforma agrária.
Em nota, o governo diz "condenar a invasão e depredação" do local, e afirma que as portas do laboratório foram arrombadas, a sede da fazenda foi invadida e as entradas foram bloqueadas com máquinas e equipamentos do local.
O governo diz ainda que o Polo recebeu R$ 1 milhão para o desenvolvimento de pesquisas, "que podem ter sido prejudicadas por este ato", e que a secretaria de Agricultura levanta os prejuízos.
VENDA
A inclusão de 13 fazendas de pesquisas do Estado em um projeto mais amplo para se desfazer de áreas e equilibrar as contas públicas colocou a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) em embate com a comunidade científica.
O plano, enviado à Assembleia Legislativa e que deve ser votado nos próximos meses, inclui a venda de áreas que somam 13,4 milhões de m² originalmente destinadas a pesquisas -equivalente a 1.877 campos de futebol.
O governo Alckmin diz que a medida trará uma economia de R$ 508 mil por ano, sem contar a verba arrecadada com a venda das fazendas. Das propriedades listadas constam centros de pesquisas inteiros, localizados em Jundiaí, Brotas, Gália e Itapeva. Em outros casos, só parte da área pode ser alienada.
A ideia de se desfazer das fazendas destinadas às pesquisas integra um projeto mais amplo, que envolve a venda de 79 imóveis, incluindo áreas do DER (departamento de estradas), para arrecadar R$ 1,43 bilhão. Ele é questionado na Justiça pelo deputado Carlos Neder (PT).
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