Doria diz que aliança com PMDB não significa cargo no Executivo municipal
Prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse no final da tarde desta terça-feira (25), que a aliança firmada com o PMDB horas antes não significará cargos para o partido em sua administração.
"Não implica em nenhuma concessão de nada. Implica apenas o alinhamento de propostas. Basta isso", disse Doria após visitar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele também esteve com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
No final da manhã, Doria teve uma longa reunião com o presidente Michel Temer. No encontro, eles firmaram uma aliança entre o partido de Temer, PMDB, e o de Doria, PSDB, na capital paulista.
Alan Marques/Folhapress | ||
Prefeito eleito de São Paulo, João Doria, durante visita a Brasília, onde firmou aliança com o PMDB |
Doria disse que os dois vereadores peemedebistas que assumirão na próxima legislatura integrarão sua base aliada.
"O entendimento foi programático. Não há necessidade. Não haverá (indicação). Estaremos juntos no programa de governo em São Paulo, esperando que isso se amplie depois para o nível estadual e, quem sabe, para o nível federal. São Paulo pode ser um bom exemplo para isso", afirmou Doria.
O prefeito eleito disse ter falado a Temer dessa intenção de expandir este "entendimento programático" para Estado e União. Segundo Doria, o presidente sorriu.
Apesar do discurso de Doria, no PMDB, a intenção é, sim, de ocupar cargos no Executivo municipal. "O ideal é reproduzir a aliança do governo federal a nível municipal e isso foi incentivado pelo presidente Michel Temer", afirmou à Folha o presidente municipal do PMDB, José Yunes.
Ele disse que reunirá a Executiva Municipal do PMDB e a bancada do partido na Câmara dos Vereadores para falar sobre o entendimento e sobre um eventual espaço que será ocupado pelo partido na Prefeitura de São Paulo.
PAUTA
Nas conversas com Rodrigo Maia e Renan Calheiros, João Doria aproveitou para mencionar temas que considera prioritários como a revisão do pacto federativo.
A Rodrigo Maia, o prefeito eleito pediu apoio ao projeto que trata da renegociação da dívida de Estados e municípios e aventou a possibilidade de dividir a contribuição de intervenção no domínio econômico incidente sobre as operações realizadas com combustíveis (Cide-combustíveis) com municípios.
Apesar de ter pedido recursos ao governo federal, Doria negou estar com o "pires na mão".
"Não vamos precisar de pires, não. Vamos precisar de contrapartidas e de ações equivalentes à dimensão e à grandeza da cidade de São Paulo", afirmou, ao cobrar "tratamento adequado" à capital paulista. "Não se trata de pires, mas de olhar a cidade com a contrapartida que ela merece por aquilo que já destina ao próprio país", disse o prefeito eleito.
CELEBRIDADE
No Congresso, Doria teve uma tarde de celebridade. Desde que entrou na Câmara, foi abordado por deputados, prefeitos e visitantes para fazer selfies.
Logo que chegou, foi levado pelo cerimonial para posar ao lado de uma escultura de sua mulher, a artista plástica Bia Doria, que teve obras expostas na Câmara.
Após conversar com Rodrigo Maia, João Doria foi levado ao plenário, que discutia a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece um teto para os gastos públicos.
O prefeito eleito foi cumprimentado por vários deputados, inclusive por Celso Russomanno (PRB), candidato que derrotou no primeiro turno.
Do deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), ouviu uma provocação. O parlamentar disse para Doria parar de dizer que não é político.
Na tumulto entre os deputados, uma mulher que coletava assinaturas de parlamentares em apoio a um projeto de lei abordou Doria já na saída do plenário. Pensou que ele era deputado.
Doria teria um encontro com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas ele ficou em Belo Horizonte, onde seu candidato, João Leite (PSDB), enfrenta Alexandre Kalil (PHS).
"O senador teve a delicadeza de me telefonar e eu prometi fazer uma nova visita. Ele está cuidando da campanha em Belo Horizonte. Está cuidando do território político dele", disse Doria.
Ao deixar o Congresso, Doria foi abordado por jovens que se identificaram como estudantes de São Paulo que protestavam contra a PEC do teto de gastos. O prefeito eleito deu um beijo no rosto da manifestante e explicou que não era parlamentar. "Nós somos visitantes."
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