Radar em faixa de ônibus na marginal Tietê é campeão de multas em 2016
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
Radar monitora velocidade na pista local da marginal Tietê |
O radar instalado para flagrar motoristas que circulam em faixa de ônibus na marginal Tietê, perto da ponte da Vila Guilherme (zona norte), é o campeão desse tipo de multa na capital paulista neste ano.
De janeiro a agosto, ele aplicou 143 mil multas, quase uma a cada dois minutos. O número equivale a 20% do total dessas infrações em toda a cidade (669 mil).
O equipamento foi instalado a apenas dois metros de onde está a placa indicando a faixa exclusiva de ônibus. Quando consegue visualizá-la, o motorista não tem mais como mudar de faixa sem correr o risco de causar um acidente.
Em junho, em resposta a reportagem do "Agora", do Grupo Folha, que edita a Folha, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), empresa da gestão Fernando Haddad (PT), disse que analisaria a necessidade de reforço na sinalização.
Desde então, porém, nada foi alterado no local. "Eles [agentes da CET] até vieram aqui, fizeram as medições, mas não mudou nada", diz Maurício Machado, 42, chefe de segurança de uma loja de departamentos perto dali.
Para tentar diminuir o prejuízo dos clientes, a própria loja instalou uma placa luminosa, na saída de seu estacionamento, alertando os motoristas sobre a contramão para quem vai em direção à marginal, pela Amazonas da Silva. Não há placa da prefeitura visível. Ao fazer a conversão para a direita, o motorista cai obrigatoriamente sob o radar, na faixa de ônibus.
"Todo dia vem gente para tirar foto do radar. Acho que tentam mostrar o absurdo e ganhar o recurso da multa", afirma o segurança Rogério Andrade, 39.
O radar da marginal tem quatro vezes mais multas que o segundo colocado por invasão de faixa, o da avenida Aricanduva (zona leste), perto da avenida Matapi (34.403). Neste ano, ele arrecadou cerca de R$ 27,4 milhões, considerando o valor antigo da multa (R$ 191,54). Atualmente, ele é de R$ 293,47.
DISTÂNCIA
O engenheiro Ivan Whately, especialista em trânsito, afirma que o radar deveria ficar a uma distância maior do início da faixa de ônibus, sinalizada com uma placa, para evitar que o motorista seja surpreendido e consiga reagir.
"Se tem uma placa a dois metros do radar, é impossível um humano perceber o que está escrito e fazer o que deve", diz. "O caso desse radar é típico de uma armadilha", completa.
Ele diz também que o radar não está cumprindo seu papel. "A finalidade seria a fiscalização educativa, mas ali está cumprindo um objetivo de só aplicar multa. Se ele tem 20% das multas por invasão de faixa, alguma coisa está errada."
OUTRO LADO
A CET diz que, na primeira quinzena de agosto, foi implantado projeto reforçando a sinalização do local. Isso incluiu a sinalização educativa, indicando a possibilidade de uso da faixa da direita da marginal Tietê apenas para acesso à rua Amazonas da Silva, para "melhorar o entendimento" dos motoristas.
"Como o equipamento de fiscalização está instalado após a rua Amazonas da Silva, somente são autuados os veículos que prosseguem pela faixa da direita (exclusiva para ônibus) após a via citada", diz, em nota.
A CET afirma ainda que as multas aplicadas pelo radar são resultado do desrespeito dos condutores à proibição.
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