Ricos ficam no Brasil, e aluguel de mansões encarece no litoral paulista

Crédito: Moacyr Lopes Junior/Folhapress Vista aérea mostra casas na praia de Itamambuca, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo
Vista aérea mostra casas na praia de Itamambuca, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo

RICARDO HIAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CARAGUATATUBA

O aluguel de casas para turistas no litoral norte paulista divide seus donos em dois lados opostos do mercado.

Enquanto o arquiteto José Américo Câmara, 60, consegue subir em 20% o aluguel de sua casa de alto padrão, com três suítes, o advogado Paulo Rodrigues, 46, amarga a baixa da procura por seu apartamento de dois quartos e tem que reduzir o valor, ainda assim sem locar.

A situação dos dois ilustra a tendência desse mercado no litoral norte, segundo pesquisa do Creci-SP (conselho estadual de corretores de imóveis de São Paulo).

Casas e apartamentos de alto padrão encareceram nesta temporada, na contramão da crise, enquanto imóveis menores tiveram seu preço de locação reduzido.

A casa do arquiteto na praia de Guaecá, em São Sebastião, fica num condomínio fechado, a poucos metros da praia. Em 2015, o valor recebido pela locação temporária foi de R$ 1.200 por dia. Agora, o valor subiu para R$ 1.500.

"Achei o preço um pouco defasado e aumentei. Publiquei o anúncio e, em agosto, a casa já estava alugada para dezembro", conta. "O pagamento foi feito na ocasião e ninguém contestou o valor."

O imóvel de Rodrigues, em Boiçucanga, no mesmo município, é menor –com dois quartos– e distante da praia cerca de 600 metros.

"No ano passado [2015] consegui alugar minha casa por R$ 4.000 para o Ano-Novo. Já estava reservada nesta época. Este ano [2016], baixei para R$ 3.000", afirma.

Para o Réveillon e o Natal, dobrou a procura de imóveis maiores (de três a quatro dormitórios) em relação a 2015, de acordo com o Creci.

A maior alta se deu em relação à demanda para apartamentos de três dormitórios. Se em 2015 foram alugados por R$ 525, em média, em 2016 chegaram a R$ 1.083.

Segundo o corretor de imóveis Ronaldo Gonçalves, há uma explicação para os índices: os imóveis maiores podem acomodar mais do que uma família. Assim, o que parece ser mais caro torna-se mais atrativo ao ser diluído entre várias pessoas.

As casas menores, por sua vez, podem acomodar no máximo duas famílias e acabam pesando mais no bolso.

Ele citou um chalé em Caraguatatuba, antes alugado por R$ 300 por dia. Com o preço a R$ 400, não houve mais procura. "Terei que manter o valor do ano passado [2015], se quiser locar."

Segundo o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto, o principal motivo para o crescimento do valor de imóveis maiores foi a alta do dólar, que motivou pessoas com maior poder aquisitivo a optarem por viagens com distâncias mais curtas.

"Muitas pessoas que não viajaram para fora do Brasil ou para outras regiões, como o Norte e o Nordeste, por causa da crise, escolheram imóveis com conforto no litoral norte. O preço foi lá para cima", afirma Viana Neto.

Outra razão, diz, é que as casas maiores também são muito procuradas por grupos de amigos ou familiares.

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