BRUNA CHAGAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MANAUS

Uma movimentação intensa no presídio aonde foram levados os "presos refugiados" do massacre em Manaus preocupou familiares de detentos que fazem plantão no local em busca de informações.

Por volta das 15h desta quinta (5), dezenas de policiais e viaturas entravam e saíram da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, para onde foram transferidos de forma emergencial 283 internos que sobreviveram às rebeliões.

"Estão dizendo que estão se matando lá dentro, toda hora chega mais presos", diz uma mãe, que não quis se identificar. Ainda chegam ao local detentos transferidos da Unidade Prisional de Puraquequara e do Centro de Detenção Provisória.

A dona de casa Fátima Monteiro, que tem um filho de 20 anos preso por furto, pedia aos policias que separassem os presos não ligados a nenhuma facção."Por favor, policial, separem ao menos os presos que não tem ligação com essas facções. Meu filho está na enfermaria e não tem nada a ver com isso".

Algumas mães disseram temer que seus filhos sejam obrigados a se aliarem a alguma facção.

Apesar de protestos das famílias, não é permitida a entrega de alimentos e roupas aos detentos. "Não querem deixar a gente dar ao menos roupas para eles", reclamava a mulher de um preso, revoltada.

HIGIENE

Vídeos gravados no interior da cadeia pública do centro de Manaus mostram as péssimas condições de conservação do local.

Os presos, muitos dos quais ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foram retirados pelo governo de três unidades da capital amazonense, a fim de evitar mais mortes. Eles são ameaçados por integrantes da facção FDN (Família do Norte), que liderou a matança de domingo (1°) e segunda (2).

Utilizada pelo governo por mais de cem anos, a cadeia Desembargador Raimundo Vidal Pessoa foi desativada em outubro passado após pressões do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

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