Curitiba faz operação policial em baladas em frente à casa do prefeito
Uma operação policial para coibir o tráfico de drogas e outras irregularidades em bares de Curitiba, apelidada de Balada Protegida, começou na noite desta quinta-feira (12), em frente à casa do prefeito Rafael Greca (PMN).
As equipes fiscalizaram bares do centro e, depois, seguiram para a rua Vicente Machado, no bairro Batel, exatamente onde mora Greca, que assumiu o cargo neste mês.
Estelita Hass Carazzai/Folhapress | ||
Prefeito de Curitiba, Rafael Greca, ao lado da mulher, Margarita Sanson |
O prefeito, que postou uma foto das viaturas policiais no momento da operação, negou que a ação tenha sido motivada em seu interesse.
"Não aconteceu porque é perto de minha casa. Eu durmo muito bem. Balada não me incomoda. Tiros e vítimas fatais nas esquinas, sim", afirmou Greca, em sua página no Facebook.
Segundo ele, a operação "não é contra os jovens ou bares, mas a favor da vida urbana sem medo".
A rua Vicente Machado concentra um grande número de bares e lanchonetes, que reúnem centenas de pessoas aos finais de semana. Muitos frequentadores ficam do lado de fora, nas calçadas. Segundo comerciantes da região, há registro de brigas, tráfico de drogas e venda irregular de bebidas alcoólicas.
Durante a ação, cinco estabelecimentos foram fechados por falta de alvará e houve a apreensão de cigarros contrabandeados e DVDs piratas, além de um flagrante por porte de substância análoga à maconha.
O secretário de Defesa Social, Algacir Mikalovski, disse que a operação vai acontecer semanalmente, em pontos diferentes da cidade. A fiscalização na rua Vicente Machado, segundo ele, foi motivada pelo grande número de reclamações, inclusive de donos de bares.
"Nosso instrumento de trabalho é a lei e a vontade da população. Apenas isso", disse à Folha.
POLÊMICA
Greca já defendeu, em ocasiões anteriores, que os bares da cidade fechem mais cedo.
"Não precisa o bar ficar aberto a noite toda. Até porque não rende para o bar ficar aberto na hora da fuzarca, da transgressão. Isso só serve para o traficante. Aquele que depois acaba executando seu aviãozinho na calçada, na porta do bar", afirmou, em entrevista ao jornal "Gazeta do Povo".
O prefeito diz querer "combater os mercadores da morte", que atuam com tráfico de drogas e venda de cigarros e bebidas contrabandeadas, e "garantir a vida e o divertimento da mocidade curitibana".
Para a Abrasel Paraná (Associação de Bares e Restaurantes), a fiscalização tem um "propósito positivo", mas é feita de maneira abusiva e é insuficiente para coibir o tráfico e a insegurança.
"Não é solução", diz Luciano Bartolomeu, diretor-executivo da associação. "Fazem um circo, mas é remédio que não cura."
Para ele, a presença ostensiva de policiais "assusta e espanta os clientes", e não ajuda a coibir o crime. A Abrasel defende que haja mais policiamento, de forma contínua, e que a fiscalização de alvarás e documentação seja feita durante o dia, e não à noite.
Proprietária de uma lanchonete na região, a comerciante Elis Ribas diz ser favorável à ação.
"A droga virou banal na nossa calçada, infelizmente", afirmou a dona do The Meatpack House.
A casa abriu há um ano e meio. Nesse período, Ribas já presenciou brigas, tiros e até uma morte na região. "Nós estamos do mesmo lado; também queremos uma balada segura."
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