PM retira usuários e barracos e prende traficantes na nova cracolândia de SP
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Praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, onde polícia faz operação na manhã deste domingo (11) |
Uma ação da Polícia Militar no início da manhã deste domingo (11) prendeu dois suspeitos de tráfico e retirou todos os barracos e usuários de droga que ocupavam a praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, havia três semanas. O local ficou conhecido como a nova cracolândia da cidade, com a presença de quase mil pessoas. A compra e a venda de drogas ocorriam livremente no espaço.
Por volta das 6h, policiais, com o apoio de integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana), isolaram os quarteirões em torno da praça e iniciaram a operação. Dependentes químicos colocaram fogo em barracas e colchões ao perceberem a chegada dos PMs. Não houve confronto, e os usuários se espalharam para outros pontos da região central da capital. Alguns dos viciados reclamavam com os guardas-civis por não poderem acessar as barracas para recuperar itens pessoais. "Perdi celular, relógio, documentos. Estava tudo dentro da barraca", diz Isaias dos Santos, 61.
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Esta foi a a segunda ação em menos de um mês para dispersar a cracolândia. No último dia 21, uma ação policial prendeu traficantes e desobstruiu vias nas quais funcionavam uma feira de drogas a céu aberto sob o comando de uma facção criminosa. A ação naquele domingo (21) foi arquitetada pela Polícia Civil e executada em parceria com a Polícia Militar. Apenas poucos secretários municipais da gestão de João Doria (PSDB) foram avisados daquela operação, sendo que os responsáveis pela área da saúde e assistência social só ficaram sabendo um dia antes.
Naquele dia, o novo programa anticrack de Doria não estava pronto. Uma das promessas era o cadastramento prévio dos usuários, para que recebessem encaminhamentos corretos, como tratamento médico. Sem isso, em meio a ações atabalhoadas e discursos oficiais dissonantes, o que se viu nos dias seguintes foram viciados espalhados pelas ruas e a formação de uma grande concentração deles na praça Princesa Isabel, a 400 metros do perímetro da cracolândia original.
Limpeza na praça Princesa Isabel
Nas últimas três semanas, nenhuma ação conseguiu reduzir o tamanho da nova cracolândia. A gestão Doria, nesse intervalo, buscou autorização judicial para recolher à força os usuários das ruas, para atendimento médico, mas esse pedido foi rejeitado pelo Tribunal de Justiça do Estado. Enquanto isso, agentes de saúde e da área social de prefeitura e Estado seguiram no trabalho de abordagem individual de cada um dos usuários para convencê-los a buscar tratamento médico. Esse trabalho, porém, fica sempre mais complicado diante da oferta abundante de drogas, como ocorria na Princesa Isabel.
Agora, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a gestão Doria dizem que a estratégia será diferente. Segundo eles, após a ação deste domingo, não será mais permitida a montagem de barracas por usuários de drogas, isso na própria praça Princesa Isabel como em outros pontos da região central da cidade. A promessa também é não permitir o retorno dos usuários para o antigo ponto de concentração e alvo da ação de 21 de maio. "Esse é um trabalho permanente. Isso não vai resolver do dia para a noite", disse Alckmin.
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Neste domingo, porém, apenas uma hora após a entrada de policiais na praça, usuários se juntaram para consumir drogas na rua Largo Coração de Jesus, a cerca de 400 metros dali, onde antes era a antiga cracolândia. Sem barracas, o chamado "fluxo" de usuários se estabeleceu na rua Helvetia na esquina com a alameda Barão de Piracicaba, palco da antiga feira da droga. Usuários fumavam pedras de crack sob o olhar de guardas-civis.
Questionado sobre isso, Doria disse que o poder público não pode impedir as pessoas de circular. "Isso é um direito das pessoas. Não pode impedir que as pessoas circulem pela cidade. Nós não vamos permitir a instalação de equipamentos financiados pelo PCC que domina a distribuição de entorpecentes e acabou o shopping center [de drogas] que existia até recentemente". "Não há menor hipótese da rua Helvetia e Dino Bueno voltarem a ter o status que já teve no passado. A hipótese é zero", completou o prefeito. Ele e Alckmin deram entrevista logo após a ação, no centro de SP.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, a ação deste domingo teve como objetivo a busca de armas e drogas e, principalmente, desmontar toda a estrutura de barracas de lona que se ergueu na praça nas últimas semanas e vinha sendo usada para venda e uso de crack. "A GCM está orientada a retirar novas barracas que forem montadas no entorno", disse o secretário.
Foram apreendidos cerca de dois quilos de crack, R$ 1.600 reais em dinheiro e três celulares. Dois suspeito de tráfico foram presos. A prefeitura deslocou 24 caminhões e 162 pessoas para a varrição e limpeza na praça.
Mariana Zylberkan/Folhapress | ||
Usuários de drogas saem da praça Princesa Isabel e ocupam a rua Helvétia com a Barão de Piracicaba |
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