Promotoria investigará ataques a terreiros religiosos no interior de SP
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O Ministério Público e a Polícia Civil investigam ataques a templos de religiões de matriz africana ocorridos nos últimos meses no Estado |
Os ataques a terreiros de religiões de matriz africana também chegaram a São Paulo e já estão sob investigação do Ministério Público Estadual. O movimento Brasil Contra a Intolerância Religiosa registrou, nos últimos cinco meses, quatro ataques em municípios do Estado e encaminhou todas as informações para a Promotoria.
A onda de ataques em São Paulo segue a sequência de crimes do tipo no Rio de Janeiro. No mês passado, a Polícia Civil carioca indiciou dez traficantes acusados de ataques a terreiros. Traficantes convertidos a igrejas neopentecostais teriam comandado algumas das ações.
Em São Paulo, o caso mais grave ocorrido foi em maio, quando quatro frequentadores de um terreiro em Franco da Rocha (Grande SP) foram esfaqueados por um vizinho. Os outros três terreiros foram atacados em Mauá, Carapicuíba e Jundiaí.
De acordo com o pai de santo Fernando Coelho da Silva, 37 anos, o problema teve início quando o homem interrompeu o culto ao jogar bombas no terreiro. Os frequentadores do culto saíram para discutir com o vizinho, que, segundo os relatos, usou uma faca para ferir quatro deles. Três vítimas precisaram ser hospitalizadas.
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Estruturas de terreiro em Jundiaí que sofreu ataque |
No hora do ataque, segundo o pai de santo, 80 pessoas estavam no templo. Silva diz que teve de se mudar de lá. "Tive de fechar o local e mudar de bairro. Perdi muitos dos meus seguidores", afirma o pai de santo. Dono de terreiro há dez anos, ele estava no bairro havia cinco meses –nesse período, foi acusado de maus-tratos contra animais porque sua religião faz sacrifícios ritualísticos de bichos.
Em outro caso, no mês passado, a mãe de santo Rosana dos Santos, 56 anos, teve o seu terreiro, em Jundiaí (60 km de SP), totalmente incendiado, possivelmente, por dois criminosos e por motivo religioso. Segundo ela, uma vizinha ligou para alertar que viu dois homens fugirem depois de terem ateado fogo no templo. "Dá para sentir o cheiro da gasolina lá até hoje", diz.
Diego Pizzotti Montone, integrante do movimento Brasil Contra a Intolerância Religiosa conta que, além dos ataques aos terreiros, são comuns também as agressões verbais destinadas aos praticantes das religiões de matrizes africanas. Ele cita o caso ocorrido no ano passado em que uma estudante universitária teve símbolos religiosos de seu carro destruídos em um estacionamento na zona norte da capital.
"O manobrista era evangélico neopentecostal e afirmou que fez isso para livrá-la do demônio", diz. O caso ocorreu no mês passado.
A participação do Ministério Público tem sido importante, segundo as entidades de defesa dos religiosos, para garantir que os casos sejam enquadrados no crime de intolerância religiosa. Há casos que haviam sido enquadrados em outros crimes, como ameaça e agressão.
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