PAULO GOMES
DE SÃO PAULO

Mal surgiram as imagens da primeira transmissão de televisão no país e lá estava o francês Georges Henry regendo a sua orquestra com clássicos populares. Ele era também o diretor musical da Tupi.

O maestro teve espaço na grade dos anos inaugurais do canal, que, inspirado no rádio, exibia uma série de apresentações musicais ao vivo.

"Era o regente coqueluche de todos os espectadores", lembra o amigo Ives Gandra Martins, citando que o maestro tinha apelo por tocar trilhas sonoras de filmes famosos. "Marcou época na história da televisão."

Nascido em Paris, fixou residência no Brasil após conhecer o país em turnê como trompetista de uma orquestra de música cubana.

Passado o sucesso na TV, trabalhou com cinema e comunicação audiovisual até assumir a direção do conservatório de Amparo (SP), no início dos anos 1990. Mais tarde, ganhou uma coluna semanal no jornal local, "A Tribuna".

No município, ganhou o título de cidadão amparense, uma cadeira na Academia Amparense de Letras (AAL) –em que foi vice-presidente– e a recém-criada honraria Oito de Abril, recebida em 2017, poucos meses após perder a mulher Denise, ao seu lado por cerca de 60 anos. "Ele tem uma história muito bonita", diz o prefeito Luiz Jacob.

Colega na AAL e amigo por duas décadas, o poeta Marcelo Henrique escreveu que o maestro lhe deu um "imperecível amor fraternal". Boris Casoy destacou "a leveza da alma" no prefácio da autobiografia de Georges, "Um Músico... Sete Vidas".

Quase centenário, mantinha a juventude e a lucidez. Otimista e entusiasmado, deliciava-se com a tecnologia. Pelo YouTube, estudava o filósofo francês Jacques Attali.

No último dia 27, um aneurisma femoral privou Amparo do maestro, em seus 98 anos. Deixa três filhos e cinco netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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