PAULO GOMES
DE SÃO PAULO

"Tem que dar o primeiro passo, ainda que com incerteza. Se só for se mexer com 100% de certeza, não anda muito", diz Edgard, um dos cinco filhos de Celia, sintetizando o ensinamento da mãe.

A lição não necessariamente foi passada desta forma, com palavras, mas justamente com ações. Pôs os filhos para fazer de tudo quando crianças. Cursos de línguas, esportes e atividades físicas, aulas de música. Foram criados soltos, não sem alguns pequenos traumas no caminho -"me obrigavam a tocar saxofone", brinca Edgard.

Experimentar tanto quando novos deixou em todos um espírito empreendedor. Nascida em São Paulo, filha de um espanhol e de uma descendente portuguesa, Celia casou nova, aos 18.

Seguiu à risca o estímulo que dava aos filhos e foi muito ativa, uma das receitas para a saúde forte até os últimos anos. Era ciosa de sua alimentação e, mesmo idosa, fazia ginástica, academia, atividades na piscina e pilates.

Já passados os 60, o amigo de um dos filhos recusou vender sua casa à ela. A justificativa era a de que o imóvel tinha uma escada que não era adequada para a idade dela. O sangue latino de Celia falou mais alto, ela comprou a casa e viveu por lá nos últimos 20 anos, com a escada.

Mais do que mãe, foi grande avó. Teve 11 netos, que, ao crescerem bagunçando com ela nas viagens a Paraty (RJ), criaram laços indissolúveis.

Morreu aos 82, no dia 3, após um infarto. Deixa os filhos Edgard, Sérgio (em memória), Georgia, José e Andrea, além dos netos que, todos abraçados, choraram a despedida da avó.

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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