PAULO GOMES
DE SÃO PAULO

Quando na infância Pinheirinho queria jogar bola, na área rural da maranhense Santa Inês (a 250 km de São Luís), o pai mandava o menino colher pepino.

Não tardou muito e aquele que era o mais velho de dez filhos de um carroceiro com uma dona de casa foi viver na capital do Estado.

Em São Luís, pegou o costume de ir a um ginásio após as aulas e assistir às partidas de handebol.

Com 18 anos teve a oportunidade de ser auxiliar técnico nas equipes de um colégio. Em pouco tempo iria para o prestigiado Dom Bosco, onde trabalhou por 35 anos.

Com olho bom, recrutava os melhores jogadores da periferia em troca de bolsas no colégio. Assim, ajudou centenas de famílias carentes a ter uma melhor formação.

A armadora Silvia Helena, que disputou os Jogos Olímpicos de Londres-2012 pelo Brasil, foi uma das que trabalhou com ele. "Ele formou muitos atletas cidadãos", lembra ela, que hoje tem um projeto para jovens na capital.

Pinheirinho liderou ainda a criação das equipes de handebol no Moto Club de São Luís e presidiu a federação estadual do esporte. "Era uma pessoa calma, que sabia estar em uma posição de liderança", diz Célio Sérgio, presidente do Moto Club.

Morreu na terça-feira (2), aos 61, após uma parada cardíaca decorrente de complicações nos rins. Deixa a mulher, os filhos Yannick, Nikássia e Ted Bruno, o pai, sete irmãos e um neto. Em seu velório, diversos ex-alunos abraçaram suas filhas –como elas, perdiam um pai. Em vez de pepinos, Pinheiro colheu talentos. Ele detestava pepinos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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