Descrição de chapéu Obituário Antônio Moreira da Silva (1945 - 2018)

Mortes: Esculhambador e dono de restaurante histórico em Salvador

Crédito: Reprodução/Facebook Antônio Moreira da Silva (1945-2017)
Antônio Moreira da Silva (1945-2018)

ANTONIO MAMMI
DE SÃO PAULO

Quando começou a cortejar Dona Flor, o farmacêutico Teodoro passou a fazer campana nas redondezas de sua casa, no centro de Salvador. "Deu de almoçar e jantar no restaurante do português Moreira", escreveu Jorge Amado.

O tal português existiu na vida real e seu filho e sucessor no negócio, Antônio, estava mais para Vadinho, o outro marido da protagonista.

Mulherengo, apostador e tirador de sarro, administrava o Porto do Moreira desde 1975, ao lado do irmão, Chico. "Se eu esculhambar o pessoal vem, senão fica em casa", dizia, referindo-se à clientela.

O restaurante, que se torna octogenário neste ano, foi fundado pelo português José Moreira da Silva e é um reduto variado, que abriga famílias e boêmios soteropolitanos.

Amado oferecia o bacalhau à portuguesa do estabelecimento para quem vinha visitá-lo na Bahia; Caetano Veloso sempre pede o miolo de boi; o poeta Florisvaldo Mattos é cliente desde 1958.

Antônio e Chico foram criados no Moreira e de lá não saíram. "Não tinha nada na nossa casa, só água. Comida só aqui", disse em entrevista recente ao jornal "Correio".

Depois da adolescência como garçom, passou no vestibular de filosofia –a que o pai reagiu com um muxoxo: "Boa porra...". Seguiu ajudando com os pedidos e com a administração da casa.

Na mesa, andava voraz como foi na vida. "Estava muito pesado, comendo demais. Era rabada, moqueca de carne, mocotó... Não tinha respeito por nada", conta Chico.

Morreu no último dia 2, aos 72 anos, vítima de um infarto fulminante. Deixa duas filhas e três irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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