Descrição de chapéu medicamentos

Servidor e mais 8 suspeitos são presos por desvio de remédios contra câncer

Crédito: Moacyr Lopes Junior/Folhapress Ala do hospital Emílio Ribas, onde servidor da unidade foi preso sob suspeita de desvio de medicamentos
Ala do Emílio Ribas, onde servidor da unidade foi preso sob suspeita de desviar medicamentos

DE SÃO PAULO

Um servidor público e mais oito pessoas foram presas nesta quarta-feira (31) sob a suspeita de participação em um esquema de desvio de medicamentos de alto custo para o tratamento de câncer que teria movimentado cerca de R$ 16,5 milhões entre os anos de 2014 e 2016.

As prisões foram deflagradas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, e fazem parte da operação Medlecy 2.

O nome da operação faz referência ao nome da empresa de fachada criada pela organização criminosa para operar o esquema de desvio e venda dos medicamentos para o mercado.

Os nove mandados de prisão e outros 16 de busca e apreensão foram cumpridos nos Estados de São Paulo (Araraquara, Bauru, Guarulhos, Osasco e São Paulo), Goiás (Goiânia), Espírito Santo (Colatina) e no Distrito Federal (Brasília).

Segundo o Gaeco, o grupo passou a ser investigado em abril de 2015. O esquema consistia na obtenção de medicamentos por meio de furto, roubo e desvios em órgãos públicos para, na sequência, serem vendidos para clínicas e hospitais por meio de uma empresa de fachada, a Medlecy.

As vendas eram realizadas num escritório sediado em Bauru (329 km de SP), onde atuavam os líderes da organização.

Após um ano de investigação e monitoramento, o Gaeco deflagrou a primeira fase da operação. Na ocasião, ofereceu denúncia à Justiça contra 15 suspeitos e cumpriu 12 mandados de prisão, além de ter feito 37 buscas em endereços dos envolvidos. Tambem foi solicitado sequestro de bens dos suspeitos.

Os investigados na primeira etapa estão respondendo a processo na 3ª Vara Criminal de Bauru. Oito dos 12 presos continuam na cadeia.

SERVIDOR PÚBLICO

As investigações também apontaram a participação de um servidor público do governo do Estado paulista na quadrilha. Trata-se de um funcionário do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na zona oeste da capital paulista.

O envolvimento do servidor na quadrilha foi descoberto após o Gaeco detectar que algumas caixas dos medicamentos de alto custo recuperadas durante o início das investigações haviam sido vendidas à Secretaria de Estado da Saúde para o tratamento de câncer. Pelos valores da aquisição, cada caixa custava cerca de R$ 8.000.

Foi desta forma que a atuação do servidor público, que trabalha como motorista do Emílio Ribas, foi descoberta. Segundo as investigações, o servidor teria recebido R$ 125 mil em depósitos bancários entre os meses de abril e maio de 2016 para fornecer os medicamentos à organização.

Por meio de nota, o instituto informou que "está contribuindo com as investigações da Corregedoria Geral de São Paulo e do Ministério Público", mas não disse se vai afastar o funcionário.

Os investigados vão responder na Justiça por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada. Todos os suspeitos serão levados à capital paulista, onde as investigações estão concentradas.

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