Polícia mata ao menos nove presos após fuga e rebelião no Tocantins

Reféns por 28 horas, professora e chefe da unidade foram liberados; 19 detentos seguem foragidos

São Paulo

Ao menos nove presos que fugiram de um presídio em Araguaína, no norte do Tocantins, na tarde desta terça-feira (2), foram mortos pela polícia numa mata próxima a unidade, segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado.

Há a suspeita de um décimo morto, mas, até o momento, não foi possível identificá-lo. Ele também pode estar entre os 19 presos que fugiram e ainda não foram recapturados, informou a pasta da segurança do estado na manhã desta quarta-feira (3).

O motim começou às 14h40 na Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota, quando os presos renderam a professora Elisângela Mendes Sobrinho, 43, e agentes penitenciários —de quem eles conseguiram tomar as armas. Às 16h, um grupo de 28 homens escapou do presídio.

Elisângela e o chefe de plantão da penitenciária, Roberto da Silva Aires, 27, foram feitos reféns e levados pelos presos para uma região de mata na cidade. As vítimas ficaram cerca de 28 horas sob poder dos detentos, até serem liberadas na noite desta quarta.

Durante a rebelião, ao menos dois agentes penitenciários foram feridos com armas artesanais. Um funcionário da empresa responsável pelos serviços de hotelaria, alimentação e manutenção foi atingido por tiros no pulso e no fêmur. Ele foi encaminhado para o hospital e não corre risco de vida.

Os corpos dos presos mortos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal de Araguaína, onde foram reconhecidos por familiares.

LISTA DE PRESOS MORTOS

1. Antônio Carlos Dias da Conceição, 31
2. Álvaro de Sousa Ferreira, 33
3. Eduardo da Silva Reis, 22
4. Danilo Moraes Alencar, 19
5. Jefferson Bispo dos Santos, 27
6. Fábio Junior de Sousa Lustosa, 25
7. Kayo Lucas de Araújo, 24
8. Willians Gomes dos Santos, 27
9. Valdemir Gomes de Lima, 39

 

REBELIÕES

Há menos de um mês, no dia 18 de setembro, sete detentos foram mortos durante uma rebelião no Centro de Recuperação de Altamira, no sudoeste do Pará, após uma tentativa de fuga frustrada da unidade prisional. O presídio em Altamira tem capacidade para 208 presos, mas abriga 374, segundo a secretaria de segurança estadual.

O estado já havia sido palco de outra rebelião, em Santa Izabel do Pará, na região metropolitana de Belém. O motim e tentativa de fuga em massa terminou com 22 pessoas mortas no dia 10 de abril. Entre os mortos, um agente prisional, 16 presos e cinco criminosos que estariam ajudando na fuga dos detentos pelo lado de fora da prisão. Outros quatro agentes ficaram feridos. ​

O ano de 2017, no entanto, foi mais sangrento nos presídios do país. Em janeiro, durante uma semana, rebeliões em Manaus deixaram pelo menos 67 mortos. A maior parte morreu após rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim —primeiro, o governo informou que eram 56 mortos, mas mais três corpos foram encontrados uma semana depois.

No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus. Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos.

Quatro dias depois, outros 33 presos foram assassinados na madrugada do dia 6 de janeiro de 2017, desta vez no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo –o governo divulgou uma lista com 31 mortos, mas encontraram mais dois enterrados no dia seguinte à rebelião.​

Ainda em janeiro, outro motim deixou pelo menos 26 mortos na Penitenciária de Alcaçuz, a maior do Rio Grande do Norte. Todos os corpos foram decapitados ou carbonizados.

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