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Investigação do caso Mércia é um "festival de indícios fracos", diz defesa
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CAROLINA LEAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As investigações sobre a morte da advogada Mércia Nakashima são um "festival de indícios fracos", disse nesta quarta-feira à Folha Samir Haddad, advogado de Mizael Bispo de Souza. Segundo a polícia, Souza é o principal suspeito de ter assassinado a ex-namorada Mércia.
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Souza prestou novo depoimento à polícia ontem, na presença do promotor Rodrigo Merli Antunes e do perito Renato Pattoli. O delegado Antônio de Olim, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse que Souza mentiu durante os depoimentos e que pedirá a prisão preventiva do suspeito.
Haddad criticou ainda a apresentação de um registro que aponta 16 ligações de Souza ao vigia Evandro Bezerra da Silva --também suspeito de envolvimento na morte de Mércia-- no dia em que a advogada morreu.
"Isso não prova nada, é só um indício. Não é crime ligar pra ninguém", afirma Haddad. Segundo ele, seu cliente nunca negou que conhecia Evandro, com quem dizia ter uma relação profissional.
A polícia entregou à Rede Globo imagens do depoimento prestado na terça-feira (20) por Souza, em que o suspeito aparenta nervosismo e discute com o delegado Antonio Olim. "Quem ficaria calmo numa situação dessas? Só um psicopata. É normal ficar nervoso", diz Haddad, que questionou as críticas ao fato de Souza ter dado risada ao ser chamado de "assassino" na chegada ao DHPP. "Se ele ri é escárnio, se ele fica nervoso é porque é culpado."
LAUDOS
Laudo divulgado ontem comprovou que Mércia morreu afogada na represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo). Ela chegou a levar um tiro no braço esquerdo, o que indica uma tentativa de defesa, e a bala a atingiu no maxilar. No entanto, não foi o ferimento que a matou.
Para Haddad, a conclusão é favorável à defesa. Segundo ele, Mizael, ex-policial, não erraria um tiro a curta distância. "Isso é inverossímil", afirma.
A definição de que Mércia morreu em Nazaré Paulista também traria mudanças ao inquérito, segundo Haddad. A competência para atuar no caso seria do promotor e do juiz da cidade de Nazaré Paulista, e não dos atuais responsáveis pelo caso, que são de Guarulhos. "Se o atual promotor fizer uma denúncia, vai ser inválida", diz.
A polícia também apreendeu sapatos de Souza para analisar se a terra encontrada no calçado é a mesma da encontrada na represa. O suspeito alega que seu sapato estava sujo da terra da rua da sua casa.
Pattoli, o perito que trabalha no caso, afirmou ontem (20) à Folha que este laudo com a análise da terra ainda não ficou pronto e contestou a informação divulgada pelo programa 'Fantástico', da Rede Globo, no domingo (18).
"Não sei de onde saiu essa informação, é especulação. Os sapatos estão sendo analisados hoje [ontem (20)]. Qualquer mineral que se pegar no Estado de são Paulo, a análise mineralógica vai dar compatível porque o planalto sedimentar é de uma mesma formação, de mesma origem. Esse tipo de análise que falaram [no "Fantástico"] eu nem vou pedir porque vai dar compatível. Existem outros referenciais na terra que eu pedi, que estão sendo feitos", afirmou Pattoli.
CASO
Mércia foi vista pela última vez na casa dos seus avós no dia 23 de maio. O carro da advogada foi encontrado no dia 10 de junho em uma represa na cidade de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo), após indicação de um homem que viu o veículo ser empurrado enquanto pescava. No dia seguinte seu corpo foi encontrado no mesmo local, após ela ter ficado desaparecida por 17 dias.
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