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Presos por invadir hotel no Rio são transferidos para Complexo Penitenciário
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GABRIELA CANSECO
DO RIO
Os presos após troca de tiros em São Conrado e invasão no Hotel Intercontinental na zona sul do Rio no sábado (21), foram transferidos neste domingo para o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste. Eles serão indiciados por tráfico de drogas, porte ilegal de armas, sequestro e cárcere privado.
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Ítalo de Jesus Campos, Victor Gomes Eloi, Davi Gomes de Oliveira, Washington de Jesus Andrade Paz, Vinicius Gomes da Silva, Alan Francisco da Silva, Rogério Avelino da Silva, Dércio Matias da Silva e Jacson Nascimento da Silva deixaram a 15ª DP na Gávea, fizeram exame de corpo de delito no IML e foram levados para o Complexo Penitenciário.
Todos já tinham passagens pela polícia. Dois deles, Ítalo e Rogério, têm mandados de prisão por tráfico. Ítalo, conhecido como "Perna", seria o segundo homem na hierarquia do tráfico na Rocinha, abaixo apenas de Nem, o chefe da venda de drogas na favela.
O adolescente de 16 anos, também preso ontem, foi encaminhado para o Centro de Triagem e Recepção (CTR), no complexo socioeducativo da Ilha do Governador. Ele deve ser levado ainda hoje para a 2ª Vara da Infância e Juventude do Rio.
Durante depoimentos neste sábado (21), na 15ª DP, os dez presos não responderam a perguntas da polícia. Disseram que só falarão em juízo.
Felipe Dana/AP | ||
Policial mostra granada que foi encontrada em jardim de condomínio por onde os traficantes passaram |
PM NEGA QUE AÇÃO SECRETA TENHA CAUSADO TIROTEIO
A Polícia Militar do Rio negou hoje que o tiroteio ocorrido sábado (21) em São Conrado entre traficantes e militares, que terminou com a invasão do Hotel Intercontinental, tenha sido decorrente de uma operação secreta da PM, não autorizada pela Secretaria de Segurança Pública.
Segundo o jornal "O Globo", 12 policiais à paisana tentaram prender Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Rocinha, que acompanhava o comboio de criminosos que passava pela avenida Presidente João Goulart quanto começou o tiroteio. A reportagem cita que Nem teria sido denunciado à polícia pelo líder da Associação de Moradores de Vidigal, o Zé da Rádio, com quem teve um desavença na sexta-feira (20).
Nem estava em um festa de aniversário de um traficante conhecido como 99, chefe do tráfico na favela do Vidigal, vizinha à Rocinha.
O representante da PM, o coronel Lima Castro, negou que a polícia estivesse agindo secretamente em uma emboscada para pegar o traficante Nem. Segundo o coronel, os policiais estavam no local fazendo uma ronda de rotina quando cruzaram com o grupo armado.
"Em função da Rocinha não ser pacificada ainda e ser uma grande comunidade, com histórico de violência, a área é sempre bem policiada. O encontro com os bandidos foi totalmente ao acaso, mas que levou ao enfrentamento", afirmou Castroneste domingo.
TIROS E INVASÃO
A ação criminosa que assustou o Rio na manhã de sábado (21) começou antes da invasão do hotel, quando traficantes e os policiais do 23º Batalhão da PM, do Leblon, trocaram tiros por volta das 8h30, após a PM encontrar o grupo, armado, passando pelas ruas do bairro. O tiroteio, que durou cerca de 40 minutos, foi intenso, de acordo com os moradores.
A troca de tiros começou em frente a uma concessionária de automóveis, próxima à Rocinha. Os criminosos se dispersaram. Alguns fugiram em direção à favela, outros invadiram os jardins de condomínios na avenida Aquarela do Brasil e seguiram em direção ao Hotel Intercontinental. Diversos carros também foram atingidos.
Os ladrões estavam em dez vans e dez motos. Estima-se que o grupo era formado por cerca de 30 pessoas. Parte invadiu a recepção do hotel e seguiu em direção à cozinha. Lá fizeram 35 pessoas reféns, sendo cinco hóspedes.
O professor de Educação Física Felipe Lopes Pereira, que passava pelo local no momento da ação, contou que foi rendido por seis homens armados em uma van. O grupo entrou em seu carro e o obrigou a levá-lo ao Intercontinental. Ao chegar lá, ele foi obrigado a derrubar a guarita que protege a entrada do hotel.
Cerca de 800 pessoas estavam hospedadas no hotel, metade estrangeiros. Muitos são atletas que disputariam na manhã de sábado uma Meia Maratona. Havia ainda um grupo de dentistas que participava de um congresso no centro de convenções do hotel.
Felipe Dana/AP | ||
Reféns são libertados após ficarem na mira de criminosos em um hotel na zona sul do Rio; uma pessoa morreu |
Segundo José Oliveira e Silva, morador de um condomínio nas proximidades do hotel, o tiroteio foi muito intenso. "Parecia que eu estava no Iraque", disse. Outro morador, Ricardo Valladares, disse que viu bandidos encapuzados e armados de fuzis, atravessando os jardins do condomínio onde mora. "Estamos todos apavorados. Não sabemos se há bandidos aqui dentro. Ninguém sai de casa. Estamos trancados", contou.
Após a invasão, outros moradores relataram que viram criminosos transitando pelo bairro, andando na contramão das vias e atirando indiscriminadamente, armados com fuzis e outras armas pesadas. Na rua Aquarela do Brasil e na avenida Prefeito Mendes de Moraes, nas imediações, há vários carros com marcas de tiros. Um ônibus também foi atingido, mas nenhum passageiro se feriu.
Uma mulher, identificada como Adriana Duarte de Oliveira dos Santos, 41, morreu atingida por tiros. Ela faria parte do bando e, de acordo com a PM, teria um mandado de prisão expedido em seu nome por tráfico de drogas. Medeiros estava próxima a um táxi e tentando entrar no carro para fugir do tiroteio, quando foi atingida, relatou a polícia. Quatro policiais militares --dois sargentos e dois cabos-- se feriram, mas sem gravidade.
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