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24/10/2010 - 14h24

Ministro da Saúde diz que superbactéria está restrita a hospitais

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DA AGÊNCIA BRASIL

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, pediu neste domingo tranquilidade em relação à proliferação da superbactéria KPC. "A população fique tranquila porque essa é uma situação que acontece apenas em ambiente hospitalar e em pacientes debilitados", disse ele após participar de encontro em São Paulo sobre a definição de diretrizes para minimizar o risco cardíaco em pacientes em tratamento contra o câncer.

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Segundo o ministro, com a adoção de medidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), "a situação vai ficar sob controle". Entre as ações da agência, ele destacou a norma que determina a retenção da receita médica na compra de antibióticos. "[Isso] vai impedir muito o que hoje é um problema seríssimo, que é a automedicação, o uso abusivo e indiscriminado", garantiu.

Temporão afirmou que a importância de procedimentos simples de higiene, como lavar as mãos, diminuem muito o risco de contágio pela bactéria. "Isso serve para os profissionais de saúde e também para os visitantes ao entrar e ao sair [de um hospital]".

Ele disse ainda que outro ponto fundamental no combate à bactéria é o cuidado no registros dos casos, para melhorar o embasamento de pesquisas sobre o assunto.

HIGIENE

Uma das causas da proliferação da superbactéria é a falta de uso de materiais de higiene médico-hospitalar básicos como luvas, máscaras e álcool, além da falta da prática de hábitos, como o de lavar as mãos após o contato com pacientes.

A transmissão ocorre por meio do contato direto entre as pessoas ou pelo uso de um objeto comum. Por isso, o presidente da SBI destaca medidas importantes a serem tomadas.

"A qualificação dos profissionais de saúde, o número adequado de profissionais atendendo, a conscientização de que eles podem servir como vetor de contaminação, além de bons laboratórios para identificar a bactéria são fundamentais para se controlar a KPC", afirma o presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Marco Antônio Cyrillo.

A enfermeira do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Universitário de Brasília Isabela Rodrigues afirma que a higiene é importante também param quem visita pacientes internados nos hospitais. Após o contato com o doente, é preciso lavar as mãos com sabonete e utilizar álcool em gel.

Não existe ainda uma informação oficial para a causa da proliferação da bactéria no país, mas, para alguns especialistas, como Cyrillo, uma das preocupações centrais é o uso indiscriminado de antibióticos.

"O uso de antibióticos nas UTIs [Unidades de Tratamento Intensivo] em pacientes com imunossupressão [com o sistema imunológico debilitado] é o principal fator para que as bactérias apareçam", afirma. Cyrillo explica que os antibióticos matam as bactérias sensíveis e as que sobrevivem transmitem para as gerações futuras os genes de resistência até criar uma bactéria super-resistente.

De acordo com a professora de infectologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Ana Cristina Gales, a carbapenemase é a enzima produzida pela bactéria que a torna capaz de inativar os antibióticos betalactâmicos, incluindo os carbapenens, considerados os antimicrobianos mais potentes para o tratamento de infecções graves. "O paciente pode ter a bactéria colonizada ou estar infectado e desenvolver algum tipo de infecção como pneumonia, meningite, na corrente sanguínea, ou mesmo no local da cirurgia", diz a professora.

A enfermeira do Hospital Universitário de Brasília explica que o tratamento para combater a KPC, nos hospitais, é normalmente feito com a associação de três antibióticos: polimixina B, tigerciclina e amicacina.

MAPEAMENTO

Atualmente não existe um diagnóstico sobre a expansão da contaminação pela KPC no país. Os registros oficiais ainda estão restritos ao Distrito Federal, com 183 casos e 18 mortes, e aos estados do Paraná, com 24 casos; da Paraíba, com 18; do Espírito Santo, com três; de Minas Gerais, com 12; de Santa Catarina, com três; de Goiás, com quatro; e de São Paulo, com 70 casos e 24 mortes. Os dados são da Anvisa e das secretarias estaduais de Saúde.

"É importante que haja uma rede de segurança mais efetiva para que tenhamos dados dos municípios, Estados e em nível federal, não só desta bactéria, mas de outras bactérias. É uma política de prevenção conhecer a realidade nacional", diz Cyrillo.

Para conter a avanço da contaminação, a Anvisa anunciou na última semana a obrigatoriedade da instalação de dispensadores de álcool em gel nos hospitais e clínicas públicas e particuladres. A agência vai publicar resolução tornando mais rígida a venda de antibióticos no país, sendo que uma via da receita médica deverá ficar retida na farmácia.

Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress
 

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