Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/12/2010 - 04h00

Mulheres contam sobre dificuldade em pedir ajuda após estupro

Publicidade

DE SÃO PAULO

Era Dia das Mães de 2004. Ainda estava escuro, quando Marta saiu cedo de casa, por volta das 6h30, para visitar a família. Nas proximidades da estação Sé do metrô, centro de São Paulo, ela sentiu dois homens se aproximando. Eles a jogaram no chão e a doparam, fazendo cheirar um líquido entorpecente.

Estupradas demoram para buscar médico; é comum engravidarem e não poderem abortar

Quando acordou, estava sozinha, jogada na calçada suja de uma rua semideserta e sentindo muita dor. Gritou por socorro, mas ninguém surgiu para socorrê-la. Voltou andando para casa, sentindo-se a "última das mulheres". "Nem me olhava no espelho. Saí do emprego, não falava com ninguém, nem com a minha mãe", conta Marta, 36, vendedora.

Um mês depois, veio a notícia: estava grávida. Foi aí que reuniu forças para contar sobre a violência sexual à família e buscar ajuda médica. "Na delegacia, fizeram chacota comigo e insinuaram que eu poderia estar mentindo sobre o estupro só para fazer o aborto", lembra ela, homossexual assumida.

A gravidez foi interrompida alguns dias depois, no hospital Pérola Byington. "Foi um alívio, como sair de um pesadelo."

A mesma sensação é descrita por Daniela, 32, estuprada quando tinha 16 anos. Ela morava em Santana (zona norte) e foi visitar uma amiga no mesmo bairro.

Um homem se aproximou, agarrou seu braço, disse que estava armado e ordenou que ela o acompanhasse.

Ela obedeceu. Foi levada até uma favela e estuprada em um matagal. Na época, era virgem. O agressor a deixou, depois, no ponto de ônibus mais perto. "Era muito ingênua. Fiquei em estado de choque, só chorava."

Na mesma noite, a mãe a levou à delegacia, ao IML e ao hospital. Três semanas depois, porém, descobriu que estava grávida. O aborto legal foi feito rapidamente.

"Não havia a mínima possibilidade de ter aquele bebê. Foi um alívio quando tudo acabou", diz ela, hoje mãe de um menino de oito anos.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página