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14/01/2011 - 07h57

Casal se salva no quarto e vê vizinhança desaparecer em Teresópolis (RJ)

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ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Encurralados num canto do quarto, único cômodo da casa que não havia sido destruído, Gilberto Teixeira Joaquim, 57, e Sueli Veríssimo Joaquim, 53, viram pelo rombo na parede as casas vizinhas desaparecerem num bairro de Teresópolis.

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Por três horas confinados, a única luz que permitia que eles tivessem alguma ideia da dimensão do que acontecia ao seu redor era a dos relâmpagos.

Os dois foram os únicos sobreviventes de uma vizinhança de 16 casas no alto do bairro Caleme. Do imóvel onde estavam, com duas habitações, cozinha, sala e varanda, restou apenas o quarto que lhes serviu de abrigo durante a tempestade.

"Só conseguia ver com a luz dos relâmpagos. Quando brilhava, com o clarão, eu percebia que onde tinha casa, não existia mais nada", contou Gilberto Joaquim.

Na madrugada de quarta-feira (12), Gilberto Joaquim foi acordado por volta das 3h com o barulho da chuva. Abriu a porta de casa e viu a tromba d'água, que impedia que saísse. Voltou para a cama e ouviu um estrondo.

"Comentei com a Sueli que esse relâmpago era mais chuva. Segundos depois, a parede estava em cima da gente", disse ele.

Após retirar o concreto de cima deles, Gilberto Joaquim e Sueli se abrigaram no único canto intacto do cômodo, um espaço de cerca de seis metros quadrados. Dali eles acompanharam a destruição da vizinhança.

Ele chegou a tentar sair de casa na escuridão. "Se Deus deixou aquele buraco, era porque eu devia sair". Mas ao dar o primeiro passo fora de casa, a perna afundou até o joelho na enxurrada.

Apenas depois das 6h o socorro chegou. Vizinhos, de mãos dadas, formaram uma corrente humana para resgatá-los do local, devastado pelo deslizamento.

No apartamento de cima viviam seu filho Robson Veríssimo Joaquim, 28, e a nora, Liliana Carvalho Veríssimo, 25. Os corpos dos dois foram encontrados no início da tarde. Estavam de mãos dadas.

"Eu precisava ver o corpo deles. Precisava dos corpos para enterrar", disse Sueli, em lágrimas, quando o filho e a nora foram encontrados pelo resgate.

Editoria de Arte/Folhapress

MORTES

Balanços divulgados pelas prefeituras de Teresópolis, Petrópolis, Nova Friburgo e Sumidouro informam que 508 pessoas foram encontradas mortas nas cidade durante as buscas após os temporais que atingiram a região serrana do Rio. A cidade mais afetada é Nova Friburgo, onde os mortos chegaram a 225.

Os bombeiros afirmam que uma das maiores dificuldades encontradas pelas equipes de regaste na região serrana do Rio é a falta de comunicação, já que os telefones e a internet estão com problemas. Outra dificuldade enfrentada pelas equipes de resgate é em relação aos acessos em algumas partes das cidades de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo.

O grande número de corpos no IML (Instituto Médico Legal) de Teresópolis obrigou as equipes de técnicos a adotar o reconhecimento dos mortos por meio de fotografias. Cerca de 50 pessoas estão concentradas em frente ao prédio do IML, em busca de parentes desaparecidos.

As fotos dos rostos dos mortos são mostradas pelos peritos a quem busca informações. Só entram no prédio os parentes que reconheceram vítimas por meio das fotografias. O prédio do IML funciona ao lado de uma delegacia de polícia e tem capacidade para receber apenas seis corpos. Até as 12h de hoje já tinham dado entrada 147 corpos. Outro prédio, em frente à delegacia, teve que ser requisitado para receber corpos.

Hudson Corrêa/Folhapress
Equipes e voluntários buscam vítimas em Teresópolis; coelho é encontrado nos escombros
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