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Estudo reprova estrutura para cruzeiros em portos do país
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EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
GABRIELA CANSECO
DO RIO
Antes da viagem de férias, dificuldade para estacionar. Filas. Faltas de sinalização. Desconforto generalizado. Problemas como esses, associados aos aeroportos brasileiros, também aparecem hoje nos portos nacionais.
Estudo encomendado pela Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), a primeira radiografia sobre infraestrutura dos espaços voltados aos passageiros de navio, é enfático. Nenhum porto nacional está 100% adaptado à chegada dos transatlânticos.
Para Ricardo Amaral, presidente da Abremar e diretor da Royal Caribbean, existe uma contradição no setor. "Enquanto ele cresce em ritmo chinês [por volta dos 30% nas duas últimas temporadas], há destinos que sumiram. Outros recebem menos navios do que antes."
Procurada, a Secretaria Especial de Portos, que recebeu o estudo segundo a Abremar, não se pronunciou.
Florianópolis está na lista dos portos que desapareceram das bússolas. "Há um bom projeto para a cidade, mas as instalações atuais são inseguras. O píer chega à areia e não tem nem proteção lateral. O risco de cair na água é grande", diz Amaral.
Desde a temporada 2008/ 2009 navios de cruzeiro não param mais em Canasvieiras. Mesmo os grandes portos, como Santos e Rio, que estão recebendo fluxo intenso de passageiros, têm problemas.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
Movimentação de passageiros no terminal de embarque de cruzeiros, no porto de Santos, durante temporada |
"Em Santos, por exemplo, as mangueiras para abastecer de água o navio são muito antigas. Elas não dão conta. As empresas precisam alugar barcaças com água para poder encher os reservatórios, o que aumenta o custo."
Para o passageiro a situação também é desconfortável. O porto do Rio não possui área de espera, "o que deixa o terminal muito cheio, confuso e desconfortável", segundo o estudo da Abremar.
No Píer Mauá, no Rio, duas pequenas áreas externas, com bancos ao ar livre, expostos ao sol ou à chuva, servem como local de espera. A aposentada Lola Rocha, 69, de Diamantina (MG), que chegou com antecedência, teve de usar o local. "Nós, que somos de outra cidade, não temos alternativa."
O diretor de Operações do Píer Mauá, Américo Relvas da Rocha, justificou que a questão está relacionada à segurança. "Essa medida é intencional e aplicada no mundo todo. Precisa haver uma distância segura entre os navios e as áreas de livre acesso. Mas é um ponto que pode ser discutido para o novo plano de segurança."
A Abremar destaca ainda que deveria haver uma área alternativa para estacionamento de ônibus de excursão. A falta de espaço do lado de fora também é uma das queixas de guias turísticos, taxistas e passageiros.
"É difícil para estrangeiros. Ficamos perdidos, sem saber direito dos serviços oferecidos", diz a dona de casa Perla Chacon, da Argentina.
Segundo o diretor de Operação do Píer, nos picos, o fluxo é de 200 ônibus de excursão por dia. Ele diz que as condições não são ideais, mas que haverá melhorias.
A falta de infraestrutura, segundo a Abremar, impacta também as temporadas futuras. Dois grandes navios que estão no litoral anunciaram que não voltarão ao país.
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