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01/05/2011 - 09h24

São Paulo perde seu último bonde

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CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Bancos originais de 1917, feitos, como as colunas, do resistente pinho de Riga. Teto e assoalho da rara cabreúva. Detalhes em bronze, cobre e latão e pintura original de tom verde-musgo.

Eis o bonde prefixo 38, de 94 anos, o último a circular na cidade de São Paulo.

No final de fevereiro, ele voltou a Santos para ser restaurado e passar a funcionar em sua cidade natal. Lá, ele circulou entre 1917, vindo da Escócia, e 1971.

Na capital, fazia o pequeno trecho entre o Memorial do Imigrante, na zona leste, e a estação de metrô Bresser-Mooca, a 500 metros dali.

Nada a ver com os longos trajetos que os bondes da cidade faziam entre 1900 e 1968, movidos a eletricidade --o 38 tinha sido transplantado com um motor do carro Tempra na primeira restauração por que passou.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Em Santos, restauradores trabalham na reforma de bonde que veio de São Paulo
Em Santos, restauradores trabalham na reforma de bonde que veio de São Paulo

Nos últimos dois anos, depois que um problema mecânico o imobilizou e sua proprietária, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, não conseguiu verba para a manutenção, o tempo passou a ser implacável.

Depois de proporcionar passeios entre 1998 e 2008, viu-se como abrigo de usuários de crack, virou vítima de enchentes constantes, teve baterias e outras peças de pouco valor furtadas, viu cerca de um terço de sua madeira original se depredar.

"Quer preservar um bem histórico? Põe pra funcionar", justifica o diretor-administrativo da ABPF-SP, Carlos Alberto Rollo.

Em Santos, o bonde ganhou um banho de loja, para ser oficialmente apresentado ao povo em um desfile no próximo sábado, que vai comemorar um milhão de passageiros desde que a cidade decidiu criar um museu vivo de bondes, em 2000.

Ele terá de andar rebocado em outro dos cinco bondes que funcionam na cidade, até receber um motor e voltar a funcionar, com 42 lugares. Está cedido em comodato por dez anos, renováveis.

Em seu lugar, em São Paulo, a Secretaria de Estado da Cultura cogita colocar um bonde como "elemento cenográfico" quando o Memorial voltar a funcionar.

 

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