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Falha deixa 10 mil exames de dengue sem confirmação em SP
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ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO
Uma falha técnica nos exames NS1, também conhecidos como teste rápido da dengue, está emperrando a análise de cerca de 10 mil amostras de sangue de pacientes com suspeita da doença em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
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O atraso nos exames prejudica o direcionamento das ações de controle de vetores e provoca defasagem no total de casos confirmados.
Segundo a Vigilância Epidemiológica de Ribeirão, dez kits entregues pela empresa Virion Diagnóstica no início de maio não apresentaram resultado satisfatório.
A empresa foi acionada para identificar o defeito e encaminhou uma equipe técnica à cidade anteontem.
"Já tínhamos usado em torno de 200 kits. O problema nos surpreendeu", afirma a diretora da Divisão de Vigilância em Saúde de Ribeirão, Maria Luiza Santa Maria.
Enquanto o resultado do laudo não é emitido, as amostras de sangue dos pacientes seguem estocadas.
De acordo com Maria Luiza, o diagnóstico da dengue não será prejudicado, pois os hemogramas e o NS1 cromatográfico, usado para a detecção de casos graves, continuam sendo feitos.
A classificação oficial dos casos suspeitos, no entanto, vai depender do resultado do teste rápido. "Não vou fechar a suspeita enquanto não tiver os exames", diz.
Segundo Maria Luiza, Ribeirão é o único município paulista que paga para fazer o NS1 em todos os suspeitos.
"Um levantamento que fiz há duas semanas indicou que gastamos R$ 250 mil. O custo é alto, mas o benefício é grande ao evitar óbitos", diz.
De acordo com um boletim epidemiológico divulgado anteontem, Ribeirão teve 13.547 casos de dengue e seis mortes até 1º de junho.
Edson Silva/Folhapress | ||
Elaine Cristina do laboratório da UBDS do Castelo Branco mostra material para exame de dengue que esta parada |
DIAGNÓSTICO
O infectologista Luiz Jacintho da Silva, professor aposentado da Unicamp, considera o NS1 importante, mas diz que esse teste não é o mais indicado para a confirmação de casos.
"Do ponto de vista epidemiológico, testes tradicionais são mais eficientes. O sistema de Vigilância Epidemiológica no Brasil admite o diagnóstico clínico", diz.
Para o infectologista Gustavo Johanson, da Unifesp, a necessidade de aguardar o resultado dos testes para fechar os casos suspeitos também pode ser questionável.
"O NS1 é para o manejo clínico do paciente. Não vejo a necessidade de fazer o teste. O exame sorológico demora mais, mas pode dar a mesma confirmação", afirma.
ACÚMULO
O problema técnico nos kits acentuou o acúmulo de amostras de sangue, que começou quando a Virion deixou de entregar os testes em abril. Na ocasião, a empresa alegou que estava com dificuldades alfandegárias.
De acordo com a Virion, a entrega de material foi normalizada e os 50 últimos kits comprados pela Prefeitura de Ribeirão foram entregues no mês de maio.
A empresa afirma que o lote que registrou falhas técnicas já tinha sido utilizado em outros municípios, inclusive em Ribeirão, e não apresentou problemas.
Ainda segundo a Virion, a empresa contatou a fornecedora dos testes na Austrália e deve investigar o processo de transporte, manuseio e técnica utilizada para fazer os testes nas amostras.
Não há previsão para a entrega do laudo que deverá apontar quais foram os problemas dos kits de NS1, informou a empresa.
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