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03/06/2011 - 09h55

Falha deixa 10 mil exames de dengue sem confirmação em SP

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ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO

Uma falha técnica nos exames NS1, também conhecidos como teste rápido da dengue, está emperrando a análise de cerca de 10 mil amostras de sangue de pacientes com suspeita da doença em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

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O atraso nos exames prejudica o direcionamento das ações de controle de vetores e provoca defasagem no total de casos confirmados.

Segundo a Vigilância Epidemiológica de Ribeirão, dez kits entregues pela empresa Virion Diagnóstica no início de maio não apresentaram resultado satisfatório.

A empresa foi acionada para identificar o defeito e encaminhou uma equipe técnica à cidade anteontem.

"Já tínhamos usado em torno de 200 kits. O problema nos surpreendeu", afirma a diretora da Divisão de Vigilância em Saúde de Ribeirão, Maria Luiza Santa Maria.

Enquanto o resultado do laudo não é emitido, as amostras de sangue dos pacientes seguem estocadas.

De acordo com Maria Luiza, o diagnóstico da dengue não será prejudicado, pois os hemogramas e o NS1 cromatográfico, usado para a detecção de casos graves, continuam sendo feitos.

A classificação oficial dos casos suspeitos, no entanto, vai depender do resultado do teste rápido. "Não vou fechar a suspeita enquanto não tiver os exames", diz.
Segundo Maria Luiza, Ribeirão é o único município paulista que paga para fazer o NS1 em todos os suspeitos.

"Um levantamento que fiz há duas semanas indicou que gastamos R$ 250 mil. O custo é alto, mas o benefício é grande ao evitar óbitos", diz.

De acordo com um boletim epidemiológico divulgado anteontem, Ribeirão teve 13.547 casos de dengue e seis mortes até 1º de junho.

Edson Silva/Folhapress
Elaine Cristina do laboratório da UBDS do Castelo Branco mostra material para exame de dengue que esta parada
Elaine Cristina do laboratório da UBDS do Castelo Branco mostra material para exame de dengue que esta parada

DIAGNÓSTICO

O infectologista Luiz Jacintho da Silva, professor aposentado da Unicamp, considera o NS1 importante, mas diz que esse teste não é o mais indicado para a confirmação de casos.

"Do ponto de vista epidemiológico, testes tradicionais são mais eficientes. O sistema de Vigilância Epidemiológica no Brasil admite o diagnóstico clínico", diz.

Para o infectologista Gustavo Johanson, da Unifesp, a necessidade de aguardar o resultado dos testes para fechar os casos suspeitos também pode ser questionável.

"O NS1 é para o manejo clínico do paciente. Não vejo a necessidade de fazer o teste. O exame sorológico demora mais, mas pode dar a mesma confirmação", afirma.

ACÚMULO

O problema técnico nos kits acentuou o acúmulo de amostras de sangue, que começou quando a Virion deixou de entregar os testes em abril. Na ocasião, a empresa alegou que estava com dificuldades alfandegárias.

De acordo com a Virion, a entrega de material foi normalizada e os 50 últimos kits comprados pela Prefeitura de Ribeirão foram entregues no mês de maio.

A empresa afirma que o lote que registrou falhas técnicas já tinha sido utilizado em outros municípios, inclusive em Ribeirão, e não apresentou problemas.

Ainda segundo a Virion, a empresa contatou a fornecedora dos testes na Austrália e deve investigar o processo de transporte, manuseio e técnica utilizada para fazer os testes nas amostras.

Não há previsão para a entrega do laudo que deverá apontar quais foram os problemas dos kits de NS1, informou a empresa.

 

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