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Ribeirão Preto

06/01/2013 - 06h12

Vinte anos após criadas, cidades ainda são altamente dependentes

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ARARIPE CASTILHO
LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

Quase 20 anos após o boom do surgimento de novas cidades, 73 delas em São Paulo, boa parte continua quase totalmente dependente de repasses do Estado e da União para se manter.

Das novas cidades paulista, 53 foram criadas em 1993 e 20, em 1997. Quase a metade delas (36) teve, em 2011, transferências feitas por Estado e União que significaram 90% ou mais das receitas.

Na maioria são municípios com menos de 10 mil habitantes, que têm poucas fontes próprias de receitas, como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços).

Cidades de maior porte, como Campinas e Ribeirão Preto, têm uma dependência muito menor em relação às transferências --os repasses de União e Estado representaram 51,7% e 49,2%, respectivamente, em 2011.

Em razão da dependência, as cidades novas também representam um custo proporcionalmente maior.

Os 73 municípios têm, juntos, 655 mil habitantes e receberam R$ 1,6 bilhão em transferências em 2011, mais que o dobro, por exemplo, de Ribeirão Preto, que tem 605 mil moradores.

Essas jovens localidades têm, juntas, 675 vereadores. Ribeirão tem 22 cadeiras.

Editoria de Arte/Folhapress

COM CORETO, SEM POSTO

Emancipada de Cajuru em 1997, Santa Cruz da Esperança, na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), teve 97% de suas receitas em 2011 originárias do Estado e da União.

Com cerca de 2.000 moradores, a cidade guarda características de localidade pequena: um coreto enfeita a praça bem cuidada, cercada por um centro com ruas pouco movimentadas e limpas.

Moradores ouvidos pela Folha dizem que a emancipação foi positiva, principalmente porque foi seguida de melhorias na urbanização.

"Melhorou muito em comparação ao período em que era distrito", afirmou o técnico em eletrônica Marco Antonio Basílio, 42. Ele aponta, no entanto, a saúde como um problema que persiste.

Assim como em boa parte das cidades pequenas, o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) repassado pela União é a maior fonte de Santa Cruz: R$ 5,5 milhões.

De acordo com o tesoureiro da cidade, Claudio Cesar Talan, 47, a queda nos repasses do FPM nos últimos meses causou dificuldades --foi preciso interromper cursos na área social e cortar atendimentos no único posto de saúde local.

Quando o posto médico está fechado, os pacientes são colocados em ambulâncias e levados à vizinha Cajuru, a "cidade-mãe" que a originou.

No norte paulista, Jales (585 km de São Paulo) perdeu nos anos 1990 duas partes de seu território e população, com as emancipações de Pontalinda (1993) e Vitória Brasil (1997).

Apesar da "independência", as cidades continuaram a enviar pacientes para atendimento no hospital da ex-sede --a saída foi criar um consórcio regional de saúde.

"Há a ilusão na população local de que, ao ser sede de município, criam-se facilidades", afirmou Léo Huber, que chefiou o gabinete da Prefeitura de Jales até a última segunda-feira.

MENOS DEPENDENTES

Há um pequeno grupo de cidades jovens cuja dependência dos repasses é menor.

Em Bertioga, no litoral paulista, por exemplo, as transferências representam só 43% da receita total, graças a uma arrecadação maior de impostos municipais como IPTU e ISS.

Outro exemplo é Hortolândia, na região de Campinas. Emancipada de Sumaré em 1993, a cidade já nasceu com quase 100 mil moradores e apresentou um processo de crescimento acelerado da sua indústria, o que a tornou mais independente.

Em 2011, as transferências dos governos federal e estadual representaram 63% das suas receitas.

 

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