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Ribeirão Preto

10/02/2013 - 06h12

Álcool representa risco para 1/3 das grávidas

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JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Como quase todas as grávidas, Ângela, 29, também sentiu desejo durante a gestação de seu filho, que nasceu há quatro meses.

Mas a vontade, no seu caso, colocava em risco a criança. "Eu via os outros bebendo cerveja e até enchia a boca de água", diz ela, que se apresenta nesta reportagem com um nome fictício.

Acostumada a tomar três ou mais copos de cerveja todos os dias com vizinhas em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), ela diz que, depois que soube da gravidez, manteve-se sóbria, exceto por algumas vezes. "Mas era só uma 'bicadinha', uns dois goles na cerveja."

Ângela é uma das mulheres que se encaixam nos resultados de uma tese de doutorado da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, segundo a qual 28,4% das grávidas em início de gestação apresentavam um consumo de risco de álcool.

Defendida em dezembro passado, a pesquisa ouviu 486 mulheres de até quatro meses de gestação em unidades básicas de saúde de Ribeirão e Araraquara em 2010. Desse total, 138 se enquadravam no risco em potencial.

Por uso de risco de álcool, o estudo, orientado pelo psiquiatra Erikson Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão, adotou como critério uma pontuação mínima (dois pontos) em um conhecido questionário no meio científico, denominado T-ACE.

Adaptado ao Brasil, o questionário pergunta, por exemplo, quantas doses de álcool a pessoa precisa ingerir para que se sinta mais desinibida.

Por uma dose (12 g de álcool), entende-se uma latinha de cerveja (350 ml), uma tulipa de chope, uma taça de vinho, uma dose de destilado (cachaça, vodca) ou uma garrafa de bebida do tipo ice.

A pesquisa considerou que a grávida que atingia dois ou mais pontos se enquadrava em uma situação de risco.

A partir desse grupo, 80 mulheres foram selecionadas para uma segunda etapa da pesquisa: receberem uma orientação de um profissional sobre os danos do álcool.

ÁLCOOL EM NÚMEROS

Não há um levantamento com abrangência nacional que estabeleça um índice de consumo de álcool permitido para as grávidas, diz Geraldo Duarte, especialista em gestantes de alto risco e docente da USP de Ribeirão.

Em geral, segundo ele, nas pesquisas com grupos localizados, varia de 5% a 50% o consumo de álcool entre gestantes.

"Temos números isolados, mas já suficientes para apontar os danos do álcool para o bebê, mesmo que a gestante beba raramente."

Ele contesta tolerância com pequenas doses. "Para a mulher grávida, o ideal é água mineral sem gás. Além disso, é muito difícil que seja só um chope, só uma taça. Sempre vem a segunda."

Representante da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, o docente da USP Sérgio Peixoto diz desconhecer levantamentos nacionais.

Afirmou, porém, haver estudos nos EUA que revelaram que até 70% das grávidas de lá admitiram ter bebido ao menos ocasionalmente.

Segundo o Ministério da Saúde, menos de 1% das grávidas confessam durante o pré-natal na rede pública que fazem uso de bebida.

A pasta admite, porém, que o número está bastante subnotificado, porque as mulheres não admitem o hábito.

 

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