Igreja em Ribeirão foi demolida para dar espaço à imponência de outra
A economia em alta pelo ciclo cafeeiro permitiu excessos em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). Um dos maiores foi a demolição, em 1905, da primeira Igreja Matriz construída na então Vila do Ribeirão Preto, na praça 15 de Novembro.
O argumento era que o então teatro Carlos Gomes era maior que a velha matriz. As lideranças da época consideraram a igreja inadequada à importância que a cidade exercia na região.
Resolveram, então, construir a atual Catedral Metropolitana em um ponto mais alto.
À época, o padre Joaquim Antônio de Siqueira afirmou que a antiga matriz, "com quanto passasse por algumas reformas", estaria "bem longe de ser o templo que reclama esta importante, rica e esperançosa localidade".
Houve uma concorrência para erguer o prédio. O projeto escolhido foi o do arquiteto Carlos Ekman, e as obras começaram em 1902.
Segundo a pesquisadora Valéria Valadão, o projeto era o mais exequível e o que mais se aproximava dos termos do edital. "O primeiro, de Victor Dubrugas, foi escolhido como o mais belo, mas venceu o de menor valor", disse, em seu mestrado sobre a memória arquitetônica de Ribeirão.
A catedral, no estilo gótico, acabou sendo inaugurada em 1917, ainda sem torre.
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Antiga igreja Matriz de Ribeirão Preto, que foi demolida em 1905 e substituída pela atual catedral, mais "imponente" |
OUTRAS PERDAS
Já desativado desde a época do Estado Novo (1937-45), o prédio do antigo Hospital de Isolamento, ou Lazaretto, foi demolido em 1964.
Com projeto do engenheiro Joaquim Mariano de Amorim Carrão e concluída em 1897, a unidade foi construída como parte da política de higienização e saneamento básico das cidades brasileiras, empreendidas pelo Estado.
O objetivo da época era controlar as frequentes epidemias do final do século 19.
Havia recomendações especiais quanto a hospitais de isolamento: a planta apresentava a forma de cruz. O bloco principal tinha varanda destinada aos leitos e blocos secundários (transversais) reservados aos serviços.
Ele era isolado do chão por meio de porões não habitáveis com a finalidade de torná-lo mais salubre. Os únicos registros do hospital --fotos e documentos-- estão disponíveis no Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.
Antes, em 1883, com a chegada da linha férrea, instalou-se na cidade a Companhia Mogiana. O objetivo era escoar a produção de café de toda a região para o porto de Santos. A estação se tornou a de maior faturamento entre todas as da empresa.
O mercado municipal, construído em frente à estação, foi inaugurado em 1900. A exploração do espaço foi feita durante nove anos pela mesma empresa que o construiu. Após o período, a prefeitura incorporou o imóvel ao patrimônio público e passou a responder pela gestão.
O edifício, de planta quadrangular, era composto de um pavimento térreo com acesso pelos quatro lados. Porém, tudo foi destruído por um incêndio em 7 de outubro de 1942. Após o acidente, a prefeitura construiu o prédio atual, localizado em frente à rodoviária.
Uma das atrações do espaço é o painel de mosaico do artista plástico italiano Bassano Vaccarini (1914-2002), uma das referências da época.
(VENCESLAU BORLINA FILHO)
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