Condomínios geram 'desconfiguração' urbanística, dizem especialistas
O surgimento de condomínios horizontais pode garantir a segurança de seus moradores, mas também promove uma total "desconfiguração no perímetro urbano", já que fecha a cidade e faz com que as pessoas vivam intramuros, sem interação com as demais classes sociais.
É o que afirmam arquitetos e urbanistas de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) ouvidos pela Folha.
- Condomínios criam "geração" de moradores em Ribeirão Preto
- Tecnologia é utilizada por segurança em residenciais de Ribeirão
Esses empreendimentos fechados transformam a cidade em verdadeiras "colchas de retalhos", segundo o arquiteto e professor da Uniseb Marcelo Carlucci.
Ele diz, no entanto, que esses locais são uma resposta do mercado imobiliário para falta de segurança e de qualidade de vida.
"A partir do momento em que o poder público não dá conta de oferecer segurança e tranquilidade à população, o mercado [imobiliário] oferece em forma de condomínio."
Para José Carlos Faim Bezzon, doutor e especialista em urbanismo moderno e contemporâneo pela PUC-Campinas, o ideal é ter uma cidade cada vez mais compacta. Nesse cenário, a verticalização seria uma solução.
ÁREAS COMPLETAS
Bezzon diz que os condomínios estão cada vez mais completos para seus moradores, já que, além da habitação, oferecem áreas de lazer --com piscinas e academias--, escolas e centros comerciais ao redor.
"Isso faz com que as pessoas cresçam em mundos isolados e se perca o grande barato da cidade, que é viver com a diversidade."
O especialista também cita a localização dos condomínios. "Hoje, a elite se afasta a partir dos núcleos residenciais isolados, e o uso do carro se torna necessário."
Bezzon diz que, com essa extensão urbana, o poder público também é obrigado a ampliar o transporte coletivo, já que novas pessoas passam a se deslocar para esses pontos para trabalhar.
Carlucci observa que os condomínios horizontais seguem mais o menos o mesmo modelo de décadas atrás --o mais antigo em Ribeirão tem cerca de 40 anos.
Segundo ele, a questão do lazer interno, a segurança e as unidades homogêneas estão se repetindo em todos os demais condomínios.
Edson Silva/Folhapress | ||
O estudante universitário Rafael Antonio da Silva Neto, 21, em sua casa no condomínio Quinta da Boa Vista, em Ribeirão Preto |
PRÓ-RESIDENCIAIS
Já para o diretor comercial da imobiliária Fortes Guimarães, João Paulo Fortes Guimarães, os condomínios oferecem o que os moradores procuram: segurança.
Segundo ele, essa diversidade de opções oferecidas nos residenciais é uma resposta ao que pessoas têm buscado cada vez mais, com áreas de lazer e tecnologia avançada.
(DANIELA SANTOS)
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