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Ribeirão Preto

09/11/2013 - 12h37

Sem espaço para se apresentarem, artistas saem de Ribeirão Preto ou vão para as ruas

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ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO

Com poucos espaços para apresentações culturais, artistas de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) têm procurado locais alternativos e até mesmo recorrido a outras cidades para divulgar seus trabalhos.

Como quase não há espaços comerciais que tenham interesse em MPB, jazz e música clássica, a cantora Eulah Hallak há dois meses não se apresenta em Ribeirão Preto.

Ela, que já fez show ao lado de Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, também não encontra apoio do poder público para fugir dos bares e casas de shows.

"É triste porque Ribeirão é um berço de bons músicos e artistas, mas ficamos reféns do que o mercado comercial quer", disse. "Quem perde é a própria cidade, que fica com uma cultura limitada."

A próxima apresentação da cantora na cidade acontecerá em um evento promovido pelo Espaço A Coisa, coletivo cultural que surgiu com a proposta de suprir a falta de locais para apresentações de artes pouco difundidas.

Edson Silva /Folhapress
Integrantes do grupo Teatro de Caixeiros durante apresentação na praça 15, na região central de Ribeirão Preto
Integrantes do grupo Teatro de Caixeiros durante apresentação na praça 15, na região central de Ribeirão Preto

TEATRO NA RUA

Na última quinta-feira (7), quem passava pela praça 15 de Novembro, no centro de Ribeirão, se deparava com artistas "manipulando" antigas caixas de fotografia.

O grupo Teatro de Caixeiros encontrou nas ruas uma forma de alcançar o público com o teatro "lambe-lambe" e driblar a falta de espaços tradicionais de cultura.

Encenadas em um palco miniatura, dentro de uma caixa preta, as peças "lambe-lambe" têm bonecos manipulados como atores e o público é composto por apenas um espectador por vez.

"Nós vamos atrás do público", diz o ator e diretor do grupo, Flávio Racy. "As pessoas estão andando e nós oferecemos uma manifestação artística para elas."

Edson Silva/Folhapress
Espetáculo do grupo na praça 15, em Ribeirão
Espetáculo do grupo na praça 15, em Ribeirão

Por curiosidade da filha de cinco anos, o arquiteto Lelis Noronha, 60, parou e conferiu a apresentação do Teatro de Caixeiros, que considerou uma boa "provocação".

"Para uma cidade com o porte de Ribeirão, acho que as manifestações culturais estão muito escondidas, faltam espaços para apresentações", afirmou o arquiteto.

O diretor e dramaturgo Lucas Arantes disse que a estrutura do município não corresponde à quantidade e qualidade das produções. Sua peça "Soterramento", por exemplo, teve apenas duas apresentações em Ribeirão e seguiu para São Paulo.

"Para nos apresentarmos, tivemos de pagar R$ 1.000 de aluguel para o teatro", diz. "É um valor muito alto para uma companhia como a nossa."

Ele disse que, sem oportunidade e estrutura na cidade, teve de aproveitar o espaço fora de Ribeirão. "É uma pena, porque as duas apresentações que fizemos em Ribeirão estavam lotadas."

De acordo com ele, que também coordena o espaço A Coisa, as manifestações culturais acontecem no local independentemente de qualquer instituição.

SELEÇÃO DE GRUPOS

O secretário da Cultura de Ribeirão Preto, Alessandro Maraca, disse discordar de que haja falta de espaços culturais na cidade, mas admite a ausência de uma "política de ocupação dos espaços".

A solução, segundo ele, é um edital que será lançado em dezembro para que artistas cadastrem suas apresentações para o primeiro semestre de 2014. Os grupos selecionados poderão usar os espaços gratuitamente.

A cidade tem cinco locais, entre teatros e centros culturais, e a Secretaria da Cultura possui o CEU (Centros de Artes e Esportes Unificados) no complexo Ribeirão Verde.

 

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