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Ribeirão Preto

17/11/2013 - 01h12

Por dia, 5 crianças são alvo de agressão em Ribeirão Preto (SP)

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ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO

Cinco denúncias de agressões e maus-tratos a crianças e adolescentes foram registradas por dia, em média, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) neste ano.

De 1º de janeiro até a última quarta-feira (13), foram 1.541 casos registrados nos três conselhos tutelares locais.

São casos como o de um menino de cinco anos que passou a conviver com o pai após a mãe ser presa. Ele era levado pelo pai para se alimentar com restos de comida jogados no lixo por um supermercado, além de presenciar o pai usando drogas.

Segundo os conselhos tutelares, a maioria das denúncias são de casos como esse.

A criança não frequenta a escola, vive em local sem higiene, não é alimentada, não tem atendimento médico ou vive em ambiente hostil e que oferece riscos.

Em geral, as vítimas dos casos denunciados como negligência são crianças com idades entre três e dez anos. "Apesar de não ser uma violência direta, esses casos trazem consequências físicas e psicológicas para as crianças", disse a conselheira tutelar Rosemary Honório.

A maior parte dos casos, de acordo com os conselheiros, aponta autores de agressões e maus-tratos próximos à criança --pais, padrastos e madrastas. Os números do ano passado não foram fornecidos pelos conselhos.

Apesar disso, segundo eles, há um aumento no número de denúncias porque a população tem se conscientizado. Prova disso é que 80% das denúncias feitas são de áreas pobres da cidade.

"Os vizinhos têm mais contato e acabam denunciando", afirmou a conselheira Regina Venâncio, 46.

Para o promotor José Roberto Marques, a dificuldade para comprovar as agressões e maus-tratos é a falta de pessoas dispostas a depor. "As pessoas denunciam, mas não se colocam à disposição na hora de relatar o que houve."

Marques foi responsável pelo caso do menino Pedro Rodrigues, 5, que morreu em decorrência da "síndrome da criança espancada" --agressão física e psicológica.

A mãe e o padrasto do menino foram condenados pela Justiça em abril de 2010 pelo crime de tortura.

Agredido quando criança, Ronei Charles Ferreira, historiador e pesquisador associado do Observatório da Violência da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP Ribeirão, disse que as memórias das agressões nunca serão apagadas, mas foram superadas com a ajuda da mãe e da avó.

"As terapias são muito importantes para recuperar a autoestima, mas o fundamental é que haja um fator humano. Alguém com quem a criança se sinta segura."

 

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